Mais cinco mortes e 227 casos. Lisboa e Vale do Tejo concentra 91% dos novos casos de covid-19

Boletim epidemiológico da Direcção-Geral da Saúde mostra 227 novos casos de infecção no país e cinco mortes. Há mais recuperados do que novos infectados e há menos lares de idosos com infecções activas.

Foto
Hospital de Vila Nova de Gaia PAULO PIMENTA

A região de Lisboa e Vale do Tejo concentra, este domingo, 91% dos casos de infecção por covid-19 detectados pelas autoridades de saúde portuguesas nas últimas 24 horas. No boletim epidemiológico diário da Direcção-Geral da Saúde constam 227 novos casos em todo o país, 206 dos quais nesta região específica.

A nível nacional, estas 227 infecções significam um aumento de 0,6% no número de casos, uma descida face aos 0,8% registados no boletim de sábado. Verificaram-se mais cinco mortes nas últimas 24 horas, elevando o número total de óbitos desde o início da pandemia para 1517.

O boletim epidemiológico da Direcção-Geral da Saúde deste domingo mostra uma diminuição de pacientes internados em hospitais. No sábado estavam 428 pessoas nesta condição, mais nove do que na mais recente actualização (419). Também nos cuidados intensivos há menos pacientes internados com a covid-19: este domingo, contavam-se 73, menos quatro do que no boletim de sábado. Das pessoas que ainda têm infecção activa, 96,6% estão a ser tratadas em casa. Há ainda 3,4% desses casos que estão internados, 0,6% deles estão em unidades de cuidados intensivos e os restantes em enfermaria.

A região Norte continua a ser a mais afectada em termos globais desde o início da pandemia. Nesta zona do país já foram detectados 17.078 casos e 812 óbitos.

Mais recuperados do que novos casos

Neste domingo houve mais 227 casos de infecção (206 deles em Lisboa) e foram ainda registadas 231 pessoas que recuperaram da infecção pelo coronavírus SARS-CoV-2, que causa a doença covid-19. “Foram mais os casos de pessoas que se curaram do que novas infecções o que é sempre um sinal de esperança”, começou por dizer o secretário de Estado da Saúde, António Lacerda Sales, na conferência de imprensa deste domingo. Ao todo, há 22.669 recuperados a nível nacional. 

O secretário de Estado da Saúde disse ainda que “as notícias são também positivas” quando se fala de lares de idosos. Há menos infecções nessas estruturas: “Temos casos em 246 estruturas, menos de 10% do universo de lares no nosso país”, afirmou.

Quanto à taxa de letalidade da covid-19 em Portugal, o valor é de 4,1% em termos globais e de 17,4% acima dos 70 anos.

Apesar da maior concentração de novos casos na região da capital, o número de novos casos foi menor do que no sábado, quando foram detectados menos 56 casos nas últimas 24 horas.

Sobre um eventual impacto da reabertura dos centros comerciais em Lisboa face ao elevado número de casos detectados na região, a directora-geral da Saúde, Graça Freitas, diz que as autoridades esperam que a população mantenha as mesmas medidas de segurança adoptadas pelo resto do país.

“Tenho a referir que estes centros já se abriram em outros locais do país e não tivemos nota de ajuntamentos anormais e comportamento não cívico das pessoas. Nada se faz esperar que esta abertura em Lisboa não se verifique de forma ordeira. O espaço comercial tem regras que têm de ser cumpridas e funcionários que podem ajudar os clientes a cumprirem essas regras. Não se perspectiva que o comportamento da população de Lisboa seja diferente. Pelo contrário, espera-se que tenha mais cuidado”, explicou.

Questionada sobre o caso de alguns países que registam alguns dias sem quaisquer óbitos, Graça Freitas relembra que a actividade epidemiológica começou a ser monitorizada mais tarde, deixando claro que o mesmo abrandamento está a ser registado. “Em relação a Espanha, começámos a actividade epidémica mais tarde e estes óbitos reflectem infecções que ocorreram há bastantes dias. Portanto, o que estamos a ver agora é um abrandamento que reflecte infecções de dias passados. Vamos esperar alguns dias para ver como a situação de Lisboa e Vale do Tejo se reflecte na mortalidade. Apesar de a maior parte dos casos serem de pessoas jovens, temos alguns casos de lares com infectados e estas pessoas mais idosas podem originar óbitos”, adiantou a directora-geral da Saúde.

Quanto às máscaras que devem ser usadas, a DGS diz recomendar utilização comunitária de dois tipos. “Podem usar as ditas comunitárias que, mesmo em Portugal, têm regras para o seu fabrico ou licenciamento. Podem usar também as máscaras cirúrgicas, descartáveis, que têm um certo perfil de filtração. Independentemente de usarem as descartáveis ou não, há que cumprir as regras de protecção do ambiente. Deve ser tratada como lixo doméstico e não deve obviamente ser abandonada na via pública”, reiterou Graça Freitas.

A directora-geral da Saúde foi ainda questionada quanto aos riscos de transmissão associados ao manuseamento de papel. Apesar de considerar que não há riscos acrescidos, recomenda que não sejam disponibilizados em certos espaços, com o objectivo de facilitar a higienização das superfícies.

“Continuamos a achar que não há riscos acrescidos em manusear papel, seja jornais, revistas, cadernos. Mas há aqui uma nuance nos cabeleireiros, barbeiros, consultórios: estamos sempre a recomendar a higienização das superfícies e é por isso que estão agora muito libertas de objectos. É mais fácil desinfectar um espaço onde não está nada – e só pulverizar, passar um pano e fica limpo – do que um espaço com muitos objectos. O risco de manusear papel não é grande, mas em zonas comerciais não deve estar presente, porque melhora muito a capacidade de higiene das superfícies. Esse é o motivo”, finalizou.

Sugerir correcção