O Benfica desconfinou sem golos e sem vitórias

“Encarnados” regressam com empate na Luz frente ao Tondela e perderam oportunidade de se isolarem na frente do campeonato.

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O Benfica empatou com o Tondela na Luz LUSA/TIAGO PETINGA

Teve o hino, teve o voo da águia, teve milhares de cachecóis, teve cânticos gravados (como os risos numa sitcom gravada sem espectadores), tudo para tentar substituir o insubstituível, o público nas bancadas. Mas era o que havia, e o Benfica tinha como missão aproveitar em pleno a derrota do FC Porto, em Famalicão, para recuperar o comando da I Liga, mas não fez muito melhor e ficou-se por um empate sem golos na jornada do desconfinamento frente ao Tondela. Deu para ficar com os mesmos pontos do rival portista (60), mas não deu para esconder a má retoma dos “encarnados”.

Algures entre o jogo-treino, o jogo de pré-época e um jogo das divisões distritais, foi aquilo a que se assistiu na Luz entre Benfica e Tondela. Mau jogo, sem ambiente e a ouvir-se tudo. É este o futebol desconfinado a que temos de nos habituar nos próximos tempos e não se esperaria outra coisa, depois de três meses em confinamento.

E o que o Benfica mostrou neste regresso não andou muito longe daquilo que tinha mostrado antes da pandemia – mais um empate, o quarto consecutivo, frente a um Tondela perfeitamente adaptado à tranquilidade cénica da Luz fechada.

No “onze” do desconfinamento, Lage foi conservador nas suas opções, sem grandes surpresas em relação ao que era o seu plano há três meses e com o bónus de já poder contar com André Almeida e Gabriel – a grande surpresa foi mesmo a inclusão de Jardel no eixo da defesa ao lado Rúben Dias.

Já o Tondela veio com a estratégia que teria mesmo com público: aguentar, aguentar, aguentar e, depois de aguentar mais um bocado, tentar alguma coisa na frente. E não andou longe de cumprir este plano em pleno.

Guarda-redes inspirado

Na verdade, o Benfica até dominou o jogo e criou oportunidades mais que suficientes para ganhar com tranquilidade. Não se pode queixar de nada, apenas da sua própria ineficácia e do guarda-redes adversário, um inspiradíssimo Cláudio Ramos a deter quase tudo o que foi na sua direcção. E isso viu-se logo no primeiro minuto de jogo. Rafa surgiu na cara do guardião do Tondela, que ganhou o primeiro de muitos duelos que teria com vários jogadores benfiquistas.

Talvez a falta de público tenha feito com que o Benfica não sentisse urgência em chegar ao golo, e pouco fez para lá chegar na primeira parte. Havia muita posse de bola, mas pouca objectividade e criatividade para fazer alguma coisa interessante com ela, e o Tondela estava confortável no seu papel de esperar para ver.

Logo a abrir a segunda parte, o Benfica já veio com alguma dessa urgência na cabeça e Rafa, aos 46’, arrancou uma jogada individual que saiu ao lado da baliza visitante.

Bruno Lage levou cerca de uma hora a perceber que tinha médios a mais (e alguns eram jogadores a menos, como Pizzi e Weigl), e começou a carregar no ataque. E as oportunidades começaram a suceder-se.

Do meio-campo para a frente, quase todos os jogadores do Benfica tiveram oportunidades para marcar, mas tiveram destinos semelhantes – o lado de fora da baliza ou as mãos de Cláudio Ramos.

Talvez tenha faltado ao Benfica o combustível emocional do público nos últimos minutos para lhe dar o extra de energia que foi faltando. E o Tondela, no meio do domínio sem golo do Benfica, podia ter festejado na Luz, aos 75’, com o brasileiro Richard a surgir na cara de Vlachodimos – a bola acabaria por ser interceptada por um defesa benfiquista.

Dyego Sousa, Seferovic e Jota, os avançados que vieram do banco “encarnado”, tiveram as suas hipóteses de desfazer o nulo, a melhor de todas num cabeceamento, já em tempo de compensação, do brasileiro que é internacional português e que Petkovic desviou em cima da linha de baliza.

O Benfica desconfinou e rematou mais de 20 vezes, mas os golos ficaram em quarentena. Tal como as vitórias. Não havia grandes motivos para aplaudir, mas não se ouviu assobios.

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