De mãos na massa, a Ó! Cerâmica quer mostrar que a “argila faz maravilhas”

Há uma nova galeria no Porto para pôr as mãos na massa. A Ó! Cerâmica abriu esta semana e quer dar espaço a esta forma de arte, que “aplica a ilustração de uma forma tridimensional”.

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Nelson Garrido

É na Rua Adolfo Casais Monteiro, no epicentro das galerias de arte do Porto, que abriu portas esta segunda-feira um novo espaço dedicado à cerâmica e à arte palpável. Como uma montra de vidro que se estende para a rua, a Ó! Cerâmica surge das mãos de Ema Ribeiro e Nuno Santos, responsáveis pela emblemática Ó! Galeria, que desde 2009 anda a pôr o Porto a olhar para a ilustração. Esta segunda casa abraça também um novo conceito: para além de expor e vender obras, tem também um atelier exclusivamente dedicado à criação. 

Ao fundo da galeria, com peças expostas da esquerda à direita, uma parede envidraçada dá lugar ao sítio onde tudo vai acontecer. “Aqui vão funcionar workshops, formações básicas ou mais específicas, mediante os formadores. Mas sobretudo vai funcionar um atelier aberto, onde as pessoas podem vir para trabalhar e usar o material. Pode ser só com uma aula, podem vir umas horas ou até num formato mensal através do pagamento de uma mensalidade”, explica Ema Ribeiro, ao contemplar este seu “cantinho”. 

Nelson Garrido
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A viragem para a cerâmica foi-se evidenciando com o tempo, diz Ema, que “há cerca de dois ou três anos” começou a reparar numa “nova frescura” nesta arte. “Reparei que os ilustradores começaram a ver a cerâmica como uma forma de aplicar a ilustração de uma forma tridimensional”, conta ao P3 a fundadora da Ó!. A “ligação intrínseca com a matéria”, a que a cerâmica obriga, contrapõe a arte digital a que muitos artistas se dedicam hoje em dia. Ao mesmo tempo, Ema acredita que a cerâmica surge de uma necessidade generalizada: “As pessoas também estão a precisar de ter este contacto com a matéria e com a terra porque, definitivamente, a argila faz maravilhas”, diz, com um sorriso na cara.

“Temos imensa gente ansiosa por vir ao atelier”, sublinha. A galerista explica que a cerâmica é uma via mais fácil de ligar as pessoas à arte e ao processo de criação: “Acho que não se sentem tão inibidos como quando pegam num lápis ou papel ou tintas.” Ao seu lado, o marido Nuno completa dizendo que “enquanto para desenhar a pessoa tem que obrigatoriamente ter alguma destreza, na cerâmica qualquer um consegue fazer uma peça básica. É mais natural criar na cerâmica”, conclui.

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Nelson Garrido

O novo projecto surge depois de tempos conturbados para a Ó!Galeria, que se viu obrigada a fechar as portas da galeria de Lisboa em plena pandemia de covid-19. “O importante é não baixar os braços”, diz Nuno. “Quando estávamos a uma semana de abrir o espaço, foi decretado estado de emergência. O investimento já tinha sido feito e não íamos deixar de avançar com o projecto. Isso não nos podia fazer desistir.” 

Ema espera que seja neste novo espaço no centro do Porto que venham a nascer novos projectos e manifestações artísticas. Nuno também mantém a esperança: “Temos de avançar e continuar e depois mais tarde podemos ter de tomar decisões difíceis, mas não vamos deixar de tentar e continuar. O único caminho era mesmo para a frente e vai ser para a frente.” 

Texto editado por Amanda Ribeiro

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