Fenprof pede testes antes da reabertura de jardins-de-infância

Para a organização, o Governo e a DGS falharam ao não obrigar à realização de testes de diagnóstico a todos os profissionais que regressam à actividade presencial.

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Moldes da reabertura dos jardins-de-infância estão sob crítica ADRIANO MIRANDA

A Federação Nacional dos Professores (Fenprof) defendeu nesta terça-feira a realização de testes de diagnóstico à covid-19 aos trabalhadores dos jardins-de-infância antes da sua reabertura, recordando os casos detectados nas creches que permitiram travar uma possível disseminação do vírus.

A menos de uma semana da reabertura dos jardins-de-infância, a Fenprof alertou para o facto de faltarem “garantias de segurança sanitária”, num comunicado em que sublinha a importância social da abertura do ensino pré-escolar para que milhares de famílias possam retomar a sua actividade profissional.

Depois de cerca de dois meses e meio de portas encerradas, na próxima segunda-feira, 1 de Junho, as crianças do pré-escolar regressam às escolas seguindo orientações da Direcção-Geral da Saúde (DGS) e do Governo que tentam minimizar o perigo de contágio.

Para a Fenprof, estas entidades falharam ao não obrigar à realização de testes de diagnóstico a todos os profissionais que regressam à actividade presencial, "para que esta se possa reiniciar num clima de indispensável confiança, não temendo sujeitar ao contágio crianças e profissionais, pais e encarregados de educação”.

Os educadores de infância são o segundo grupo docente mais envelhecido, logo a seguir aos professores do 2.º ciclo (do 5.º e 6.º anos de escolaridade).

Testes em creches revelaram infecções

A Fenprof lembrou que, quando as creches voltaram a receber crianças, a 18 de Maio, foram feitos testes aos trabalhadores antes do seu regresso e “foram detectados mais de meia centena de casos que, a não terem sido mantidos em isolamento, poderiam ter dado origem a novos surtos por transmissão da infecção”

A Fenprof alertou ainda para a situação dos professores da Intervenção Precoce, que devem ter medidas adicionais de segurança quando tiverem de se deslocar a casa dos alunos e contactar com as famílias e crianças.

As orientações para o regresso das crianças ao pré-escolar, divulgadas na semana passada pelos ministérios da Educação e do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, prevêem a possibilidade de as instituições substituírem os docentes que pertençam, atestadamente, a um grupo de risco, tal como aconteceu no ensino secundário.

Nestes casos, os estabelecimentos de ensino podem substituir o docente por outro educador de infância que não tenha grupo atribuído, recorrer aos mecanismos legais de substituição de docentes ou adoptar outras estratégias que entendam adequadas.

No comunicado, a Fenprof criticou não estar prevista a redução do número de crianças por sala, tal como aconteceu com o ensino secundário, em que ficaram definidas regras como as distâncias de segurança entre alunos, o que levou a uma limitação do número imposto pela área das salas de aula.

Orientações semelhantes em creches e jardins-de-infância

As orientações para o regresso das crianças ao pré-escolar prevêem normas de segurança semelhantes àquelas que foram aplicadas às creches, privilegiando-se as actividades ao ar livre, em regime de rotativo dos grupos, e maximizando o distanciamento social.

Para evitar o cruzamento entre pessoas, a orientação estabelece a definição de circuitos de entrada e saída, e de acesso às salas, e a criação de espaços “sujos” e “limpos”, encerrando, por outro lado, todos os espaços que não sejam necessários ao bom funcionamento das actividades.

À semelhança daquilo que se passa actualmente nas creches, as crianças devem ser entregues à porta do estabelecimento, evitando a circulação de pessoas externas no interior do recinto, e o calçado da rua não deve entrar.

Sobre as famílias que optem por não enviar as crianças para os jardins-de-infância, a Fenprof defendeu que devem continuar a ser apoiadas à distância, com actividades específicas, tal como tem acontecido até agora.

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