Há dois anos que não se caçam elefantes na maior reserva de Moçambique

Na Reserva Especial do Niassa, há dois anos que os caçadores furtivos não matam um elefante. A caça furtiva em Moçambique tem sido uma grave ameaça à vida selvagem no país, tendo reduzido drasticamente algumas espécies, segundo dados oficiais.

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DAVID W CERNY/Reuters

A Administração Nacional das Áreas de Conservação (ANAC) de Moçambique comemora este mês o segundo ano consecutivo sem o abate de elefantes por caçadores furtivos na Reserva Especial do Niassa, a maior do país, anunciou esta segunda-feira a entidade.

Na mesma data, a ANAC celebra o seu 9.º aniversário e também “a redução da incidência de actos de caça furtiva, em especial do elefante (com destaque para a Reserva Especial do Niassa)”, lê-se no comunicado distribuído esta segunda-feira à imprensa.

A ANAC assinala o seu 9.º ano com o lema “As Nossas Soluções estão na Natureza” e que é uma “mensagem de apelo para que todos olhem mais para os ecossistemas como a base da nossa sobrevivência como espécie humana”.

Além dos dois anos sem registo de abates de elefantes na maior área protegida do país, a ANAC registou também um aumento das receitas das áreas de conservação no país, que subiram dos cerca de 27 milhões de meticais (358 mil euros), em 2012, para perto de 180 milhões (2,4 milhões de euros) em 2019.

O crescimento da receita permitiu a “melhoria das condições de vida e meios de subsistência das comunidades locais e o financiamento de projectos comunitários de geração de renda das famílias”, acrescenta.

Apesar dos resultados, a ANAC apontou o “reforço do combate à caça furtiva, a melhoria da capacidade de gestão, a auto-sustentabilidade na gestão das áreas de conservação, a formação dos recursos humanos” como alguns dos seus desafios.

A caça furtiva em Moçambique tem sido uma grave ameaça à vida selvagem no país, tendo reduzido drasticamente algumas espécies, segundo dados oficiais.

De acordo com os últimos dados da ANAC, desde 2009, o país perdeu pelo menos dez mil elefantes e, só na Reserva do Niassa, com uma extensão de 42.400 quilómetros quadrados, o número total desta passou de 12.000 para 4.400 em três anos (entre 2011 e 2014).

Relatórios mais recentes indicam que o país perdeu, entre 2011 e 2016, 48% da população de elefantes, correndo o risco de ser banido do comércio internacional de derivados da espécie, devido à falta de clareza na gestão dos animais.

No censo de elefantes de 2018, foi calculada para Moçambique uma população total de 9.122 animais.

A ANAC gere sete parques moçambicanos, igual número de reservas e quatro áreas transfronteiriças de gestão conjunta que abrigam, na globalidade, 5.500 espécies de plantas, 220 espécies de mamíferos e 690 de aves.

A Reserva Nacional do Niassa, criada em 1960, é a maior área protegida do país, com uma extensão de 42.400 quilómetros quadrados.

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