Macron perde maioria absoluta com criação de novo grupo no Parlamento francês

O Ecologia, Democracia, Solidariedade é formado por 17 deputados da Assembleia Nacional, alguns da ala esquerda da República em Marcha, do Presidente. Dizem querer “fazer propostas, não oposição” ao Governo.

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LUSA/PASCAL ROSSIGNOL

Chama-se Ecologia, Democracia, Solidariedade e foi formado nesta terça-feira no Parlamento francês. O novo grupo político agrega 17 deputados, e é o suficiente para que a República em Marcha (LREM), de Emmanuel Macron, perca a maioria absoluta com que governava - fica com 288 parlamentares, um abaixo da maioria absoluta de 289.

A maioria destes deputados fazem parte dos muitos dissidentes da República em Marcha - a saída dos desiludidos com os caminhos percorridos pelo partido e pela governação do partido criado para a eleição do Presidente da República tem-se acelerado - como por exemplo o matemático Cédric Villani, que protagonizou uma candidatura independente à câmara municipal de Paris. Outros vindos do Partido Socialista, como a ex-ministra da Ecologia Delphine Batho, e, diz o jornal Le Monde, há figuras próximas do ecologista Nicolas Hulot, que bateu a porta ao sair do Governo, dizendo estar “cansado de mentir".

Mas ainda assim, as dimensões deste grupo parlamentar ficam bastante abaixo das expectativas: falava-se na possibilidade de ter 58 deputados, foi fundado apenas com 17.

O grupo assume-se como “independente” e diz que não está alinhado “nem com a maioria nem com a oposição”, escreveram os deputados na declaração política citada pela agência AFP. 

No entanto, a governação de Macron não fica em perigo. A maioria pode apoiar-se nos 46 deputados do MoDem e na dezena de eleitos do Agir.

Além disso, a LREM pode recuperar a maioria absoluta se a suplente do deputado Olivier Gaillard (ex-LREM, que concorre para ser presidente de câmara nas eleições municipais, que ainda não têm data para a segunda-volta, por causa da pandemia) se juntar à formação do Presidente Macron — como é esperado.

Segundo a carta política dos 17, o Ecologia, Democracia, Solidariedade “tem a ambição de produzir uma transformação social e ecológica, responderá à urgência ecológica” e quer “modernizar a democracia, reduzir a desigualdade social e territorial”.

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