Missão beneditina atacada e destruída em Cabo Delgado

“Esta semana fizeram ataques em três distritos em simultâneo. Isso aprofunda a crise…”, disse o bispo de Pemba. “Podemos estar perante uma nova estratégia” dos atacantes.

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António Silva/Lusa

Um grupo de homens armados atacou e destruiu, na terça-feira da semana passada, a missão dos monges beneditinos na aldeia de Auasse, em Cabo Delgado, a região Norte de Moçambique alvo de um conflito armado que já matou este ano quase 300 pessoas.

Um grupo de homens fortemente armados assaltou a missão, levando à fuga dos religiosos, diz a Fundação AIS (que depende do Vaticano) no seu site, onde explica que a notícia só agora foi conhecida.

Os quatro religiosos fugiram para o mato e, depois, para a Tanzânia.

Segundo o bispo de Pemba, D. Luiz Fernando Lisboa, a região Norte de Moçambique está a viver dias muito complicados, com um enorme aumento de incidentes graves. “Esta semana fizeram ataques em três distritos em simultâneo. Isso aprofunda a crise…”, disse. “Podemos estar perante uma nova estratégia” dos terroristas. “Mas não sabemos quantos são.”

Além do ataque à missão dos beneditinos, os homens armados destruíram “um hospital que os monges estavam a construir na região”, além de equipamento e ainda algumas casas na aldeia.

Nos vários ataques, de que há registo mortes e desaparecidos, os insurgentes queimaram casas e destruíram infra-estruturas de comunicação e de transporte de energia eléctrica.

“Embora a presença das forças [militares seja mais visível], a situação não está controlada”, disse o bispo, sublinhando, contudo, que não houve vítimas neste ataque que foi o mais significativo contra uma estrutura da Igreja Católica.

Desde o primeiro ataque dos jihadistas em Mocímboa da Praia, em Outubro de 2017, até 25 de Abril deste ano, 1100 pessoas morreram por causa deste conflito, mais de 700 delas civis.

Entre 1 de Janeiro e 25 de Abril deste ano, houve 101 incidentes relacionados com os jihadistas em Cabo Delgado, três vezes mais que em igual período de 2019, que resultaram na morte de 285 pessoas.

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