Polícia Federal avisou Flávio Bolsonaro de investigação no seu gabinete

Empresário que apoiou a campanha de Jair Bolsonaro denunciou que o filho mais velho do Presidente recebeu informação antecipada sobre o processo do seu funcionário Flávio Queiroz que, alegadamente, geria um saco azul no seu gabinete.

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O senador Flávio Bolsonaro, filho mais velho do Presidente do Brasil ADRIANO MACHADO/Reuters

O senador Flávio Bolsonaro, filho mais velho do Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, terá recebido informação da Polícia Federal (PF) sobre uma investigação de desvio de dinheiro público e a existência de um saco azul no seu gabinete, quando era deputado estadual do Rio de Janeiro. A personagem central da história, Fabrício Queiroz, conseguiu desaparecer antes que a polícia chegasse a ele e ainda continua em parte incerta.

O empresário Paulo Marinho, que estava na lista de Flávio Bolsonaro para o Senado e que também foi eleito, é agora pré-candidato a prefeito do Rio de Janeiro e, numa entrevista à Folha de S.Paulo, conta que, em Dezembro de 2018, quando Jair Bolsonaro estava prestes a assumir o cargo de chefe de Estado, o senador procurou-o “absolutamente transtornado”, porque necessitava de um advogado criminal.

De acordo com Marinho, Flávio Bolsonaro contou-lhe que o coronel Miguel Braga, o seu actual chefe de gabinete no Senado, recebeu um telefonema, uma semana depois da primeira volta das eleições presidenciais, de um delegado da PF do Rio de Janeiro, que marcou um encontro para avisar que a Operação Furna da Onça ia ser desencadeada na assembleia legislativa do Rio.

“Essa operação vai alcançar algumas pessoas do gabinete do Flávio. Uma delas é o Queiroz e a outra é a filha do Queiroz [Nathalia], que trabalha no gabinete do Jair Bolsonaro [então deputado federal] em Brasília”, afirma o empresário, citando as palavras do agente da Superintendência do Rio de Janeiro.

O delegado da PF sugeriu que Flávio Bolsonaro tomasse “providências” e garantiu que estavam a “segurar” a operação para que não surgisse durante a campanha para a segunda volta das eleições, “porque pode atrapalhar o resultado”.

Segundo o empresário, que muito contribuiu para a campanha eleitoral de Jair Bolsonaro, inclusive emprestando um apartamento no Rio de Janeiro que serviu de sede da campanha, Flávio Bolsonaro “comunicou ao pai o episódio” e Jair Bolsonaro “pediu que demitisse o Queiroz naquele mesmo dia e a filha do Queiroz também – e assim foi feito”.

O delegado da PF do Rio de Janeiro também cumpriu o prometido e a operação só foi desencadeada quando Jair Bolsonaro já tinha sido eleito. Mas, na altura em que Flávio Bolsonaro procurou Paulo Marinho a pedir-lhe o nome de um advogado, o escândalo tinha rebentado e não saía das manchetes dos jornais.

Flávio Queiroz era o gestor de um sistema de “rachadinhas” (quando um funcionário entrega parte do seu ordenado à pessoa que o contratou) que servia, alegadamente, para um saco azul do gabinete, havendo, por isso, suspeita de desvio de dinheiro público.

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