Uma pandemia contra os mais pobres

A pandemia colocou o país perante um perigo que dilui as fronteiras convencionais do debate político e coloca do lado dos perdedores milhares de famílias que tudo fizeram para conquistar uma vida digna, decente e eticamente inquestionável.

Não era nada que não suspeitássemos, mas um inquérito da Escola Nacional de Saúde Pública expõe com uma crueza brutal que os impactes da covid-19 vão afectar principalmente os portugueses mais pobres e vulneráveis. Se na memória histórica os grandes dramas da humanidade, sejam guerras, desastres naturais ou pandemias tiveram o efeito de nivelar as desigualdades, como o demonstra uma obra crucial da História Económica recente (The Great Leveler, do historiador austríaco Walter Scheidel), nada nos garante que na era da Internet e da globalização essa tendência se confirme. As famílias mais desfavorecidas e os trabalhadores menos qualificados estão mais expostos ao contágio do novo coronavírus e à perda das suas fontes de rendimento. Qualquer resposta que se esboce para o presente ou o futuro próximo do país vai ter de considerar esta dura realidade.

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