O fim da II Guerra Mundial foi há 75 anos e as celebrações são tímidas devido à pandemia

Há coroas de flores e discursos, mas não há desfiles nem celebrações públicas do fim da guerra na Europa. Na Alemanha, onde o 8 de Maio costuma ser uma data discreta, o Presidente agradeceu a todos os que deram ao país a “hipótese de começar de novo”.

Fotogaleria
Angela Merkel e o Presidente Frank-Walter Steinmeier assinalaram os 75 anos do fim da II Guerra em Berlim Reuters
,1945
Fotogaleria
Berlim, 8 de Maio de 1945 Arquivo Federal Alemão

As comemorações dos 75 anos da rendição da Alemanha nazi na II Guerra Mundial decorreram com ruas vazias em cidades como Moscovo, Paris ou Londres, sem as habituais paradas militares ou comemorações nas ruas.

Na Alemanha, o dia foi assinalado pela primeira vez com um feriado em Berlim e uma cerimónia onde a distância a parece ter tornado mais marcante: representantes do Estado, entre os quais o Presidente, Frank-Walter Steinmeier, a chanceler, Angela Merkel, ou o presidente do Bundestag, Wolfgang Schäuble, depositaram coroas de flores junto à junto à réplica da escultura “Mãe com filho morto”, de Käthe Kollwitz, no memorial às vítimas da guerra e tirania, em Berlim.

No seu discurso, Steinmeier mencionou o desapontamento de não poder ter convidados de outros países na cerimónia por causa da pandemia da covid-19 (que impediu também a viagem de sobreviventes do Holocausto aos aniversários de comemoração de vários campos de concentração e extermínio que foram sendo comemorados em Abril). “Talvez o estarmos sozinhos nos leve de volta a 8 de Maio de 1945, porque na altura os alemães estavam de facto sozinhos”, disse. “Derrotados em termos militares, políticos e económicos, e moralmente devastados. Fizemos de nós o inimigo de todo o mundo.”

Steinmeier também notou que levou tempo até os alemães reconhecerem o dia 8 de Maio como o dia da libertação. (Na parte Leste, sob domínio soviético, o dia era assim comemorado, recordando a vitória do Exército Vermelho, no Oeste, só o foi mais tarde). 

Declarando que “só se pode amar este país com um coração partido”, Steinmeier agradeceu aos sobreviventes dos crimes nazis, os descendentes das vítimas, e “a todos no mundo que deram a este país a hipótese de começar de novo”.

Steinmeier também avisou contra os perigos do nacionalismo: “Hoje não há ninguém que nos liberte destes perigos. Temos de ser nós próprios a fazê-lo. Fomos libertados — libertados à nossa própria responsabilidade”, declarou.

A extrema-direita alemã opõe-se a que o dia 8 de Maio seja classificado como libertação, dizendo que este deve ser visto como o dia “da derrota absoluta” do país.

Não foi apenas na Alemanha que houve uma ligação do momento à época actual com a pandemia. De Londres, a seguir ao discurso da Rainha (às 21h, a mesma hora a que o seu pai, o rei Jorge VI falou na rádio há 75 anos), segue-se o tema We’ll Meet Again, de Vera Lynn, cujas palavras Isabel II já usou no seu primeiro discurso sobre o coronavírus e que de hino de esperança na altura da guerra se tornou agora num tema de esperança para o pós-pandemia.

Nos Estados Unidos, o Presidente, Donald Trump, estará no memorial da II Guerra Mundial. Em França, o Presidente Emmanuel Macron depõe uma coroa de flores na estátua de Charles de Gaulle, em Paris. 

Em Moscovo, o Dia da Vitória assinala-se a 9 de Maio e o desfile habitual na Praça Vermelha foi cancelado devido à pandemia — a Rússia está a registar um aumento vertiginoso de casos de covid-19, dez mil por dia na última semana. 

Mas o Presidente, Vladimir Putin, vai falar aos russos, que esperam sobretudo saber o que podem fazer depois de segunda-feira, quando foi anunciado que pode haver medidas de desconfinamento. 

A guerra continuou na frente asiática até Setembro de 1945​.

Sugerir correcção