Lucro da EDP sobe 45% para 146 milhões

Resultado do primeiro trimestre teve “um impacto reduzido do período de confinamento”. Em Março, a empresa conseguiu atingir o valor mais baixo de endividamento desde 2007. A dívida líquida está nos 12,7 mil milhões de euros.

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A EDP anunciou em Dezembro a intenção de vender seis barragens no Douro a um consórcio francês Sara Jesus Palma

O resultado líquido da EDP atingiu 146 milhões de euros no primeiro trimestre, recuperando 45% face ao primeiro trimestre de 2019, que foi “fortemente penalizado por um volume de produção de energia hídrica anormalmente baixo em Portugal”.

Neste primeiro trimestre, que “teve um impacto reduzido do período de confinamento associado à pandemia covid-19”, o lucro antes de impostos, juros, depreciações e amortizações (EBITDA) da EDP subiu 6%, para 980 milhões de euros (927 milhões em 2019).

Nas renováveis, a recuperação dos recursos hídricos na Península Ibérica (que ainda assim, em Portugal, ficou 9% abaixo da média histórica) representou um aumento de 65 milhões no EBITDA, explicou a empresa no comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).

No conjunto, o negócio de renováveis foi responsável por 549 milhões de euros no EBITDA, a área de redes energéticas reguladas contribuiu com 237 milhões de euros e a de clientes e gestão de energia com 203 milhões.

Nos primeiros três meses do ano, a procura de electricidade caiu 2% na Península Ibérica, e a procura de produção térmica (carvão e gás natural) caiu 31%, graças a uma maior disponibilidade da produção hídrica para abastecer o consumo.

A produção a partir de carvão reduziu-se em 72%, devido aos preços mais baixos do gás e preços mais elevados do CO2 e com isto subiu em 7% a produção nas centrais de ciclo combinado a gás natural. No caso das centrais a carvão da EDP – em que se inclui a central de Sines – a produção caiu 77% e tem agora “uma contribuição negligenciável para o EBITDA do grupo”.

Segundo contas da associação Zero, que usa dados da REN, a central de Sines está parada desde finais de Janeiro.

Esta manhã, a EDP Renováveis (detida em 83% pela EDP) adiantou que obteve um resultado líquido de 62 milhões de euros (mais 2%), “beneficiando” de “um menor lucro tributável”. As receitas caíram 7% no primeiro trimestre face a igual período de 2019, para 487 milhões de euros.

A EDP salienta que no primeiro trimestre a sua dívida líquida foi reduzida em 8%, para 12,7 mil milhões de euros, atingindo “o valor absoluto mais baixo dos últimos 13 anos (desde 2007)”, que compara com os 13,8 mil milhões de euros registados no final de 2019.

O resultado líquido teria subido 51% sem eventos não recorrentes, como a liquidação da contribuição extraordinária sobre o sector energético (CESE), no valor de 61 milhões de euros, e os custos de gestão do passivo, no montante de 45 milhões de euros.

A EDP adianta que os impostos sobre o rendimento desceram por comparação com o primeiro trimestre de 2019 – ascenderam a 92 milhões de euros (menos seis milhões face ao período homólogo), o que corresponde a uma taxa efectiva de imposto de 24% (foi de 27% em 2019).

O investimento consolidado aumentou 24% para 425 milhões de euros, dos quais 80% se destinam à expansão da actividade na área das renováveis (80%) e nas redes reguladas (20%), essencialmente no Brasil.

A empresa recorda que no próximo dia 14 de Maio irá pagar os dividendos que foram aprovados na assembleia geral de accionistas do mês passado, num total de 691 milhões de euros, e que espera fechar na segunda metade do ano a venda de seis barragens no Douro a um consórcio francês liderado pela Engie.

Na mesa está um negócio de 2,2 mil milhões de euros que tem de ser aprovado pelo Governo.

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