Nos perde 10,4 milhões de euros no primeiro trimestre

Empresa diz que registou quebras de receitas “em todas as linhas de negócio” devido às restrições à actividade económica impostas pela crise pandémica.

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A Nos fechou um negócio de venda de activos de 375 milhões, em Abril Sebastiao Almeidas

A Nos anunciou esta quarta-feira que registou um prejuízo de 10,4 milhões de euros no primeiro trimestre. O valor compara com lucros de 42,5 milhões de euros no mesmo período do ano passado. Estes resultados “foram amplamente afectados pela pandemia”, admite a operadora.

Neste trimestre que apanhou as duas primeiras semanas do estado de emergência (mas não reflecte ainda Abril, em que este período de excepção vigorou o mês todo), a operadora de telecomunicações refere que as receitas registaram uma diminuição de 3% para 345,4 milhões de euros, com quebras “em todas as linhas de negócio”, ainda que “de diferente intensidade”.

Adicionalmente, os “itens não recorrentes aumentaram em 42,4 milhões de euros, a maioria dos quais ligados ao reforço de provisões operacionais para dívidas de cobrança duvidosa, contratos onerosos e equipamento de protecção pessoal”.

O lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (EBITDA) caiu 4,6%, para 152,7 milhões de euros, e a margem EBITDA piorou 0,8 pontos para 44,2%.

A actividade operacional “reflecte as restrições impostas” pela crise de saúde pública, nomeadamente “as restrições à circulação e à actividade económica” que se fizeram sentir “desde o final de Fevereiro”, assinalou a empresa, em comunicado.

Descida de receitas transversal

As salas de cinema encerraram no dia 16 de Março (antes da declaração do estado de emergência, no dia 18), mas a quebra das receitas da actividade de distribuição de audiovisuais e exibição já se fazia sentir desde o início do mês, exemplificou a empresa.

Nas telecomunicações, “os maiores impactos foram sentidos na receita de subscrição de canais premium, em particular dos canais de desporto (Sport TV, BTV e Eleven Sports)”.

Neste período de paralisação da actividade turística, também as receitas de roaming registaram “uma drástica redução”.

Se no caso das famílias o consumo manteve-se estável, foi “sobretudo no segmento de Pequenas e Médias Empresas” que se sentiu “alguma pressão” devido à “redução ou encerramento completo de actividade”.

O número de serviços comercializados pela empresa liderada por Miguel Almeida aumentou em 2,1% (mais 199 mil serviços), para um total de 9,708 milhões – os serviços de televisão aumentaram 1,7% para 1,644 milhões, e os de comunicações móveis, 2,1% para 4,847 milhões.

A Nos salienta que, “não obstante o enquadramento”, reforçou o investimento para 88,2 milhões de euros (87,3 milhões no período homólogo).

Redes postas à prova

A empresa também destaca que “a sofisticação e a resiliência das redes de nova geração, quer fixa quer móvel, foram colocadas à prova, num registo sem precedentes” e salienta o facto de se terem mantido, nesta época de trabalho e ensino a partir de casa, as “empresas, instituições e famílias ligadas e a comunicar, com uma intensidade e diversidade de utilização [dos serviços] a que nunca se tinha assistido”.

A empresa acrescenta que já está a preparar “o futuro e a próxima vaga de crescimento” e que “foi com esse objectivo” que concretizou a venda da empresa de torres de telecomunicações móveis à espanhola Cellnex, por um valor que pode chegar até 550 milhões de euros (e um pagamento inicial de 375 milhões).

A venda, que já estava a decorrer antes da pandemia da covid-19 permitirá “libertar capital empregue em activos não diferenciadores” e reinvestir em projectos de “crescimento futuro”.

Um dos próximos desafios que a empresa tem pela frente será o leilão do 5G, processo que o secretário de Estado das Comunicações já disse está em condições de ser retomado.

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