OMS estuda se reacção inflamatória rara em crianças pode ser consequência tardia da covid-19. Há um caso em análise em Portugal

Há casos registados no Reino Unido, Espanha, Itália, Suíça e, aparentemente, na América do Norte. OMS promete partilhar resultados da avaliação em curso tão depressa quanto possível. Ainda não se sabe se criança portuguesa terá síndrome de choque tóxico ou da doença de Kawasaki.

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Não é claro se há uma relação entre a covid-19 e a reacção grave inflamatória em crianças Paulo Pimenta

A Organização Mundial de Saúde (OMS) está a estudar a possibilidade de a reacção inflamatória rara que foi já identificada em crianças do Reino Unidos, Itália, Espanha, Suíça e potencialmente nos Estados Unidos poder ser uma consequência tardia da covid-19. Em Portugal há um caso em análise, segundo referiu esta quinta-feira a directora-geral da Saúde, Graça Freitas, na habitual conferência de imprensa para analisar o estado da pandemia no país.

Enquanto por cá ainda se aguarda para saber se a criança, que apresentará, segundo Graça Freitas, “um quadro clínico pelo menos parecido com aqueles que têm sido descritos na literatura médica”, terá a síndrome de choque tóxico ou da doença de Kawasaki, em Genebra, na Suíça, foi confirmada a existência de três casos.

A situação foi referida na videoconferência de imprensa desta quinta-feira do ramo da Europa da Organização Mundial de Saúde (OMS), com um jornalista daquele país a questionar os responsáveis europeus sobre eventuais conclusões relacionadas com a ligação entre esta doença e a covid-19.

Adam Finn, perito da OMS Europa em vacinação infantil e líder do Centro de Vacinação Infantil de Bristol, na Inglaterra, disse que ainda é cedo para dar uma resposta. “Sabemos desta nova síndrome em vários países da Europa e, potencialmente, de alguns poucos casos na América do Norte. Nesta altura é uma síndrome pouco definida, estamos a estudá-la no Reino Unido para percebermos o que se passa.

“Temos cerca de 20 casos em Londres, uma mão-cheia no Sudoeste, a minha região, e estamos a ouvir falar de outros casos a partir de outros centros. Só metade das crianças teve um teste positivo para o coronavírus, pelo que não estamos absolutamente certos sobre a relação entre ambos, embora exista a especulação de que pode ser uma complicação tardia à infecção [da covid-19]. Mas tudo isto é uma especulação. O tamanho e a natureza exacta deste problema está a começar a emergir e julgo que saberemos muito mais nos próximos dias e semanas”, disse.

Esta ideia foi reforçada pela coordenadora das Emergências de Saúde da OMS Europa, Dorit Nitzan, que acrescentou que os resultados dos estudos que estão a ser desenvolvidos sobre “uma ligação, correlação ou qualquer tipo de associação” entre ambas as doenças serão “revelados tão rapidamente quanto possível”, mal existam. “Sabemos que esta é uma situação muito preocupante para os pais, como é para nós pediatras. Precisamos de informação urgentemente e vamos partilhá-la mal a tenhamos”, garantiu ainda Adam Finn. Os primeiros casos desta doença inflamatória em crianças foram detectados no Reino Unido. O alerta foi lançado pelas autoridades locais, que deram conta que “nas últimas três semanas houve um aumento aparente, em Londres e também em outras regiões do Reino Unido, do número de crianças de todas as idades com um estado inflamatório multi-sistémico que requer cuidados intensivos”.

Em Portugal, ainda esta quarta-feira, a directora-geral da Saúde garantia que não havia qualquer caso, mas esta quinta-feira a informação mudou, depois de terem sido questionados “todos os serviços de pediatria”, afirmou em conferência de imprensa – uma situação que Graça Freitas diz ser “absolutamente normal”. “Neste momento, temos o reporte de uma situação semelhante, mas que ainda carece de caracterização para ver se é igual às outras reportadas”, afirmou.​

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