Domingos Soares de Oliveira garante que o Benfica está preparado para a crise

SAD procede esta sexta-feira a reembolso de 50 milhões de euros de empréstimo obrigacionista e acredita que apesar da crise global terá um dos melhores exercícios da história das “águias”, sem desprezar o impacto de um futuro com receitas estranguladas.

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Domingos Soares de Oliveira (à esquerda) LUSA/ANTÓNIO PEDRO SANTOS

Em entrevista à BTV, Domingos Soares de Oliveira, CEO do Grupo Benfica, endereçou uma mensagem de “confiança” num “futuro positivo”, nos estádios portugueses e nos maiores palcos europeus, garantindo que o Benfica “está preparado para a crise” e capacitado para, “em função dos desafios”, encontrar respostas e ultrapassar este momento.

Cerca de 50 milhões de euros é o valor que o Benfica liquidará nas próximas horas, referente ao reembolso do empréstimo obrigacionista 2017-2020, operação analisada por Soares de Oliveira numa altura em que antecipa “12 a 18 meses desafiantes” para a indústria do futebol na medida em que “algumas variáveis fundamentais estão a ser postas em causa: Vamos ou não ter espectadores nos estádios? Há ou não transferências? Há ou não jogos que permitam transmissões televisivas?”, questiona-se o CEO, perspectivando, conforme as repostas, “grande impacto no futebol”.

Sobre o empréstimo obrigacionista, Domingos Soares de Oliveira recorda que as “condições de mercado são diferentes”, embora o Benfica tivesse disponibilidade de tesouraria para honrar este reembolso, depois de já em Janeiro ter antecipado o reembolso de obrigações que venciam em 2021.

“Juntando estas duas operações, estamos a falar de um total de reembolsos feitos com meios próprios, sem recurso a financiamento extraordinário, de cerca de 75 milhões de euros”, salienta.

“Depois desta operação, temos um total de empréstimos obrigacionistas a correr de cerca de 60 milhões de euros, e uma operação junto de uma entidade financeira de cerca de 10 milhões euros”.

No total, no Grupo Benfica, a dívida sujeita a encargos financeiros ascende a cerca de 70 milhões de euros, valor considerado “extremamente baixo” face aos 300 milhões de 2013/14.

Mesmo assim, o Benfica está ciente de que a situação actual exigirá grandes sacrifícios.

“Há a clara noção de que termos jogos à porta fechada terá impacto. Podermos concluir os dez jogos que faltam terá, igualmente, impacto do ponto de vista dos direitos televisivos. Do ponto de vista financeiro, conseguiremos determinar o resultado final deste exercício em função destas duas variáveis: há ou não há jogos e se serão à porta fechada. Qualquer que seja o impacto, os nossos resultados serão sempre positivos, e muito provavelmente um dos melhores resultados da história da SAD do Benfica. Depois existe uma segunda questão, que é a tesouraria. Conforme se viu na apresentação dos resultados no final do primeiro semestre, o Benfica tinha em caixa mais de 100 milhões de euros. Apesar deste reembolso, continuamos com uma posição de caixa extremamente favorável. Mas, como é evidente, não há uma posição de caixa que nos permita continuar sem competições durante mais uma época inteira. Não temos capacidade para isso, como não ninguém tem”, adverte, passando para as questões de mercado.

Transferências serão diferentes

“Até final do ano teremos um mercado de transferências diferente. Provavelmente aberto durante mais tempo. E diferente numa perspectiva de menos negócio e da desvalorização de alguns activos. Estes dois efeitos conjugados, da bilhética e do mercado de transferências, terão repercussões no próximo ano, quer a nível financeiro quer do ponto de vista da disponibilidade de caixa dos clubes”.

Domingos Soares de Oliveira fez, inclusive, um exercício prático: “Se quiser somar todas as receitas do ponto de vista de RED PASS, camarotes e da executive seats, a nossa receita de bilhética é, normalmente - e vou apontar um número gordo que pode ter variações de dez por cento -, de 25 milhões de euros. Portanto, temos aqui uma referência: se fizermos 25 jogos por ano, cada jogo à porta fechada tem um custo de cerca de um milhão de euros”.

Em relação ao mercado, há uma alternativa: “Não vamos entrar num mercado de transferências em que os nossos atletas estejam a ser desvalorizados. Só entraremos num processo mais acentuado de redução de custos se efectivamente tivermos necessidade de o fazer. Para já, numa primeira fase, revimos de forma significativa os grandes investimentos, em particular no Estádio da Luz. Tínhamos previsto mudanças de iluminação, do som e de megascreens. Investimentos que foram suspensos”, explicou.

“Estamos a fazer o que entendemos ser correcto, honrando os compromissos. Mas não sabemos o que irá acontecer na época 2020/21. Falta muita informação. A única coisa que posso dizer é que estamos muito atentos a pilotar a situação de forma permanente, com o presidente totalmente envolvido neste processo”.

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