Mota-Engil requereu moratórias de 215 milhões junto da banca

Grupo formalizou o processo para assegurar “a gestão da liquidez dos negócios”. E aposta numa actividade resiliente em 2020, apontando a retoma só para o segundo semestre deste ano.

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Adriano Miranda

Apesar de “não ser ainda grande o período de interrupção de projectos de engenharia e construção”, e já numa perspectiva de “assegurar a gestão da liquidez dos negócios”, a Mota-Engil formalizou recentemente “o acesso ao processo de moratórias com os principais bancos com que opera e encontra-se a finalizar esse processo com os restantes, numa operação que envolverá cerca de 215 milhões de euros (capital e juros)”. 

Entre os bancos com que trabalha a Mota Engil estão a Caixa, o Novo banco e o Millenium BCP, e este acesso às moratórias, que permite atrasar o pagamento em seis meses os empréstimos contratados corresponde  a 17,7% da dívida liquida total do grupo, e que no final de 2019 era de 1233 milhões de euros.

A informação foi dada pelo maior grupo construtor português à Comissão de Mercados de Valores Mobiliários (CMVM) na prestação de contas anuais referentes ao ano de 2019, e no qual se refere a 2020 com a perspectiva de manter uma “actividade resiliente” para procurar adaptar-se “ao novo normal”. 

No relatório de gestão consolidada, o grupo gerido por Gonçalo Moura Martins explica que o avanço desta medida preventiva, tomada após a eclosão da pandemia de covid-19, surge numa altura em que o grupo detinha, a 31 de Dezembro de 2019, cerca de 234 milhões de euros de linhas de crédito disponíveis mas ainda não utilizadas. E depois de, acrescenta, durante os primeiros meses do ano ter já conseguido refinanciar ou ter em processo de refinanciamento cerca de 260 milhões de euros, “de forma a ultrapassar o  gap de liquidez detectado nas demonstrações financeiras consolidadas de 31 de Dezembro de 2019”. 

A Mota-Engil informa ainda que está a negociar linhas adicionais de liquidez com bancos portugueses e com os bancos locais nos principais países onde opera em África e na América Latina. E garante que é isso que lhe permite anunciar que, no que respeita ao cumprimento do plano de negócios para 2020, “a expectativa aponta para uma actividade resiliente”. Haverá naturalmente variações no volume de negócios e na rentabilidade operacional diferentes de país para país (a Mota-Engil está em três continentes, tem 18 mil colaboradores em África, 13,4 mil na América Latina e 8440 na Europa), e considerando no cenário médio uma retoma das economias mais afectadas apenas depois do segundo trimestre do ano.

O volume de negócios do grupo Mota-Engil atingiu em 2019 os 2827 milhões de euros, com um contributo balanceado entre as três regiões, o que representou uma subida de cerca de 1% relativamente a 2018. Para esta performance, contribuíram as regiões de África e da Europa com crescimentos de 11,3% e 3,1% respectivamente, que permitiram inclusive compensar o decréscimo de actividade verificado no ano na região da América Latina. No ano de 2019, o volume de negócios gerado nos negócios fora da Engenharia & Construção (E&C), nomeadamente no Ambiente e Serviços (A&S) e na produção e comercialização de Energia, representou 21% do total.

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