Caixa recebeu 30 mil pedidos de moratórias do Estado

Paulo Macedo admite necessidade de estender moratória de créditos para famílias e empresas para lá de Setembro.

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Paulo Macedo ouvido no Parlamento sobre financiamento à economia LUSA/TIAGO PETINGA

A Caixa Geral de de Depósitos (CGD) já recebeu 30 mil moratórias de crédito através da solução criada pelo Estado, envolvendo créditos no montante de 2,4 mil milhões de euros. O valor de crédito e juros que deixou de ser pago no primeiro mês corresponde a 40 milhões de euros, revelou o presidente do banco público, Paulo Macedo, durante a audição no Parlamento, nesta terça-feira, que pretende avaliar o que as entidades financeiras estão a fazer para apoiar empresas e particulares no âmbito da actual pandemia de covid-19.

O presidente da CGD esclareceu que as moratórias em causa correspondem a 20 mil pedidos de particulares, no crédito à habitação, no valor de 1,4 mil milhões de euros, e os restantes cerca de dez mil pedidos são de empresas, no valor de cerca de mil milhões de euros.

Para além da moratória do Estado, que permite a suspensão de capital e juros, ou apenas de capital, por seis meses, a Caixa tem uma moratória própria, para particulares e empresas, mas sobre esta o responsável não revelou dados.

O número de pedidos de moratórias da Caixa está abaixo dos números revelados por outros bancos, nomeadamente dos 80 mil do BCP e dos 70 mil do Santander, divulgados na terça-feira. Paulo Macedo disse que é um caso para “estudar”, dada a elevada quota de crédito à habitação da instituição, mas lembra que possui um volume de crédito ao consumo menor.

Sobre o período das moratórias, de seis meses, Paulo Macedo admitiu que o prazo será insuficiente, garantindo que a Caixa está disponível para prolongar esse prazo, se as autoridades nacionais e europeias assim o permitirem.

As actuais moratórias protegem os bancos do registo de crédito malparado, no curto prazo, mas o gestor admite que este tipo de crédito problemático vai disparar, obrigando “a milhares de milhões de imparidades”. “Temos de nos preparar. Na última crise, os três grandes bancos tiveram 20 e tal mil milhões de euros de imparidades, esse valor não é absorvível, o que queremos é tentar evitar chegar a esses números outra vez”, referiu.

Relativamente ao financiamento às empresas, o presidente da Caixa adiantou que tem 4,3 mil milhões de euros aprovados nas linhas covid-19, no total de 26 mil operações. Lembrando que é necessário acautelar que “o dinheiro seja emprestado a quem pode pagar”, referiu ainda que o banco tem disponíveis cerca de 10,7 mil milhões de euros para empresas.

Paulo Macedo anunciou ainda uma linha de crédito, no montante de 430 milhões de euros, para financiar especificamente as microempresas. É uma linha de crédito sem garantia do Estado, e, por isso, terão condições diferentes, mas que não especificou.

Questionado pelos deputados sobre dividendos e bónus, Paulo Macedo adiantou que a proposta da gestão, a levar à assembleia geral, será para que não sejam pagos dividendos, cerca de 300 milhões de euros, e o diferimento ou redução dos prémios aos membros da comissão executiva e colaboradores. No seu caso, e como foi reforçado em esclarecimento oficial, Paulo Macedo disse que “abdicará integralmente do seu prémio”.

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