Covid-19: BCP já recebeu 80 mil pedidos de acesso a moratórias

Do total, 55 mil solicitações são de particulares e 25 mil de empresas, num montante de crédito que ascende a 4,5 mil milhões de euros.

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Miguel Maya garante compromisso de financiamento à economia LUSA/MANUEL DE ALMEIDA

O Millennium BCP já recebeu cerca de 80 mil pedidos de acesso às moratórias de crédito, as públicas e as privadas (dos bancos), num total de 4,5 mil milhões de euros de créditos, revelou esta terça-feira Miguel Maya, aos deputados. O responsável acrescentou que 55 mil pedidos são de particulares, envolvendo 2,3 mil milhões de euros de crédito, e as restantes 25 mil de empresas, num total de 2,2 mil milhões de euros.

Durante uma audição no Parlamento, no âmbito da acção dos bancos no financiamento a empresas e particulares, o presidente do BCP adiantou que nas linhas de crédito covid- 19 o banco tem mais de 16 mil pedidos, no montante de 4,3 mil milhões de euros, a maioria das quais apresentadas por microempresas (54% dos pedidos, mas apenas 9% dos créditos envolvidos) e pequenas e médias empresas (44% dos pedidos e 78% dos montantes).

As moratórias de crédito, que permitem a suspensão temporária de capital e juros, ou apenas de capital, são uma das soluções criadas pelo Estados e pelos bancos para facilitar o pagamento de empréstimos a famílias e empresas mais afectadas pela actual crise provocada pela covid-19.

Por requerimento do CDS-PP, o Parlamento aprovou a audição dos responsáveis dos cinco maiores bancos para prestarem esclarecimentos sobre as dificuldades que particulares e empresas continuam a sentir no acesso às medidas de apoio criadas pelo Estado, no âmbito do actual momento de crise provocada pela covid-19.

Durante a audição, o presidente do BCP não escondeu que tem havido atrasos na aprovação das moratórias, explicando que o elevado número de pedidos de é difícil de gerir, obrigando a trabalhar quase 24 horas sobre 24 horas, envolvendo inclusive “80 robots”.

Garantiu, no entanto, que as prestações de crédito entretanto cobradas por pessoas que pediram a sua suspensão “serão estornadas”, ou seja, devolvidas às contas dos clientes, o mais breve possível.

Na audição, Miguel Maya declarou “o fortíssimo compromisso do BCP de financiamento à economia”, mas também lembrou que em relação às linhas de financiamento às empresas é necessário algum cuidado, porque muitas delas “já hoje não aguentam praticamente a dívida que têm”, assumindo ainda que esta crise “vai deixar algumas empresas para trás”.

Lembrando que os bancos, neste momento, também têm de “cuidar da sua própria saúde”, o responsável assegurou que “o BCP tem de fazer uma avaliação nos créditos às empresas”, garantindo, no entanto, que nas linhas de crédito com garantia do Estado “não está a exigir nada que as sociedades de garantia mútua não estejam a exigir”.

O presidente do BCP repetiu várias vezes que os bancos não estão a dar dinheiro às empresas, mas sim a conceder crédito, sustentando que não é bom para os contribuintes se esse financiamento não for feito com cautela. “Se é para os portugueses pagarem o cheque, então digam desde já que pagam esse cheque”, declarou. Reconhece, no entanto, que há empresas que “já não suportam mais crédito, mas que tinham viabilidade se recebessem outro tipo de apoios”, mas essa é uma decisão que cabe a outras entidades, que não os bancos.

Nas linhas de crédito do Estado, também o BPI, o primeiro a ser ouvido esta terça-feira pelos deputados, garantiu que “não pede mais nenhum documento do que é exigido pela sociedade de garantia mútua”, nem cobra comissões ou faz outras alterações, nomeadamente o valor dos spreads.

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