Impacto de Março leva aeroportos portugueses a cair 15% no trimestre

Grupo Vinci, dono da ANA, diz que a maior perda em termos relativos foi em Faro, devido à preponderância do turismo, com uma descida de 25% em termos homólogos.

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Restrições devido ao novo coronavírus deixam aeroportos quase vazios Miguel Manso

O ano até começou bem para os negócios da Vinci em Portugal, com o grupo dono da ANA a assistir a um crescimento no número de passageiros nos aeroportos de 6,9% e de 10,1% em Janeiro e Fevereiro, respectivamente.

No entanto, os efeitos da pandemia do novo coronavírus atingiram o mercado em cheio no mês de Março de tal modo que os valores trimestrais passaram a uma queda de 15,3% (não foram dados os valores isolados de Março, que mostrariam uma descida bem mais pronunciada).

Em comunicado, o grupo francês destaca que o aeroporto mais afectado em termos relativos foi o de Faro, por estar mais dependente dos fluxos do turismo, enquanto o de Lisboa mostrou mais resistência devido à “maior diversificação de tráfego”.

De acordo com os dados da Vinci, Faro perdeu 24,8% no primeiro trimestre, em termos homólogos, seguindo-se a Madeira (-16,1%), Açores (-15,9%), Porto (-15,7%) e Lisboa (-13,5%), interrompendo assim um longo ciclo de crescimentos.

Olhando para os três maiores aeroportos, Lisboa ficou-se pelos 5 milhões e 408 mil passageiros, no Porto o número foi de 2 milhões e 198 mil e em Faro de 762 mil.

A empresa tem em curso o projecto de construção do aeroporto do Montijo, em complemento à infra-estrutura da Portela, e, esta terça-feira, em declarações à Rádio Observador, o primeiro-ministro defendeu que a quebra prevista de passageiros não comprometia “os cenários de desenvolvimento de uma infra-estrutura essencial” como é o caso.

“O novo aeroporto internacional será sempre necessário. Como vimos, no passado, o crescimento ultrapassou muito as previsões. Espero que o calendário se mantenha, porque este não é o momento de se desinvestir, mas de investir. Aliás, há obrigações contratuais nesse sentido e têm de ser criadas as condições institucionais para que esse investimento seja possível de realizar”, afirmou António Costa.

“Dos contactos que tenho tido com a ANA, não obstante o gigantesco prejuízo diário que está a ter, [a intenção] é manter o calendário de investimento”, acrescentou.

Grupo vê queda geral de 56% em Março

A nível geral, a Vinci diz que o seu negócio aeroportuário assistiu a um “comportamento robusto” em Janeiro, com um crescimento de 2,1%, mas que em Fevereiro houve já uma redução de 5% devido aos mercados asiáticos. Em Março, a queda atingiu os 55,7% devido à severidade das restrições impostas pelos diversos governos na tentativa de conter o surto epidémico da covid-19.

A queda “foi particularmente acentuada no final de Março”, afirmou o grupo, com “um número muito baixo de passageiros em alguns dos aeroportos da rede” da Vinci, e que se assistiu à “mesma tendência no início de Abril”. Contas feitas, a queda do número de passageiros no primeiro trimestre do ano foi de 20,9% face a idêntico período de 2019, com o número de pessoas que passaram pelos 45 aeroportos geridos pela Vinci a situar-se nos 45,3 milhões.

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