Trump cometeu um “crime contra a humanidade” ao cortar financiamento à OMS, diz director da Lancet

O britânico Richard Horton classificou a decisão de suspensão das contribuições à OMS de Trump como “uma traição atroz contra a solidariedade global” e instou todos os cidadãos a rebelar-se contra ela.

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Reuters/LEE SMITH

“Um crime contra a humanidade” e “uma traição atroz contra a solidariedade global”. É assim que Richard Horton, director da importante revista médica The Lancet, classifica a decisão anunciada na terça-feira por Donald Trump, que vai suspender as contribuições norte-americanas à Organização Mundial de Saúde (OMS) por um período entre 60 a 90 dias.

“A decisão do Presidente Trump de deixar de financiar a OMS é simplesmente isto: um crime contra a humanidade”, começou por escrever o médico britânico Richard Horton, numa mensagem publicada no Twitter. “Todos os cientistas, todos os trabalhadores da área da saúde, todos os cidadãos devem resistir e rebelar-se contra esta traição atroz contra a solidariedade global.”

Trump decidiu suspender os pagamentos depois de várias semanas de críticas intensas à gestão da pandemia por parte da agência da ONU. O Presidente norte-americano acusa a instituição de encobrir “a disseminação do coronavírus” e actuar para proteger a China. Os EUA são um dos países que mais contribuem para o orçamento da OMS.

“Os contribuintes dão entre 400 e 500 milhões de dólares por ano, a China contribui com 40 milhões de dólares. Uma das decisões mais mortíferas da OMS foi opor-se à interrupção de viagens da China e outras nações. Felizmente, não fiquei convencido, e suspendi essas viagens, salvando um número incontável de vidas”, disse Donald Trump.

O Presidente norte-americano disse, durante a mesma conferência de imprensa, que a atitude do Governo chinês face à pandemia devia ter sido investigada logo no início da pandemia, para que se tivessem salvado mais vidas.

O director-geral das Nações Unidas, António Guterres, já se pronunciou sobre a decisão norte-americana de cortar o financiamento à OMS, dizendo que esta “não é a altura certa” para isso ou para questionar erros.

Os Estados Unidos contaram, em 24 horas, mais de 2200 mortes devido ao novo coronavírus, o maior balanço diário registado por um país, indicou a Universidade Johns Hopkins. Desde o início da pandemia, morreram 25.757 pessoas.

O número de casos da covid-19 oficialmente declarados ultrapassou na segunda-feira os 600 mil contágios diagnosticados nos Estados Unidos. Cerca de três milhões de testes foram já realizados no país. O centro da epidemia continua a ser Nova Iorque, apesar de um abrandamento nas admissões hospitalares.

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