Covid-19: há mais 32 mortes em Portugal. Região norte ultrapassa os 10.000 casos confirmados

A segunda região mais afectada é Lisboa e Vale do Tejo, com 3994 casos confirmados e 102 vítimas. Em todo o país, e desde o início do surto, já 347 pessoas foram dadas como curadas — são mais 70 pessoas em apenas 24 horas, depois de dois dias sem alterações neste número.

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Em todo o mundo já há quase dois milhões de infectados daniel rocha

Até esta terça-feira, Portugal registava 567​ mortes pela covid-19 – mais 32 do que na segunda-feira, o que corresponde a um crescimento de 6%. Desde o início de Março registaram-se em Portugal 17.448​ casos positivos – 514 novos casos nas últimas 24 horas, o que equivale a um crescimento de 3%. Os dados foram divulgados nesta terça-feira no boletim epidemiológico da Direcção-Geral da Saúde (DGS).

Há 1227 pessoas internadas, 218 das quais nos cuidados intensivos (mais 30 do que na segunda-feira). De acordo com o secretário de Estado da Saúde, António Lacerda Sales, que falou durante a conferência de imprensa diária com actualização dos números, há 1227 pessoas internadas, 7% do total de casos, das quais 1,2% se encontram em cuidados intensivos e 5,8% em enfermaria. Há ainda 15.327 pessoas em tratamento domiciliário. 

Desde o início do surto, já 347 pessoas foram dadas como curadas — são mais 70 pessoas em apenas 24 horas, depois de dois dias sem alterações a este número. Uma pessoa é dada como “curada” depois de dois testes negativos. 

Região norte regista mais de dez mil casos positivos

A região norte continua a ser a mais afectada pela pandemia em Portugal: ultrapassou nesta terça-feira a barreira dos dez mil casos confirmados (são actualmente 10.302) e 321 mortes, mais 18 do que na segunda-feira. A segunda região mais afectada é a de Lisboa e Vale do Tejo, com 3994 casos confirmados e 102 vítimas (mais seis do que na segunda-feira). No extremo oposto, as regiões menos afectadas são o Alentejo e a Madeira, com 155 e 59 casos positivos, respectivamente, e sem vítimas mortais a lamentar.

O Norte contabiliza agora 59% dos casos nacionais, de acordo com a informação revelada pela directora-geral da Saúde, Graça Freitas. O maior foco epidémico do país está proximamente ligado à “quantidade de casos iniciais”. “Soubemos desde o primeiro dia que foi na região norte que existiu uma grande concentração de casos importados”, lembrou a directora-geral da Saúde, explicada pela “coincidência” da deslocação de muitos empresários da região até à Lombardia, o epicentro do surto em Itália. A partir desses casos importados, “houve muitas cadeias de transmissão secundárias”.

Olhando para a informação disponível por concelhos, verifica-se que o concelho do Porto é o que soma mais casos: são 959. A seguir, surge o concelho de Lisboa, com 946 casos positivos, e Vila Nova de Gaia (884). A informação sobre os concelhos corresponde a 81% dos casos confirmados e notificados através do sistema Sinave, informa a DGS.

É normal que haja uma discrepância entre os dados “micro”, apresentados pelos autarcas, e dados “macro”, usados pelas autoridades nacionais de saúde, considera a Graça Freitas. “É normal que a nível micro a capacidade de ter informação mais específica e mais apurada seja maior”, assumiu, reconhecendo que a informação da DGS é “mais macro, menos precisa”.

Na sua explicação, Graça Feitas deu o exemplo de várias situações que podem contribuir para a discrepância de dados (relacionadas com a morada do paciente no Registo Nacional de Utentes do SNS e com o sítio da ocorrência do caso) e clarificou que, para efeitos de boletim diário, as fontes de informação da DGS são as declarações médicas inscritas na plataforma Sinave ou os reportes laboratoriais inscritos numa base de dados. Graça Freitas apelou aos médicos que façam os seus registos o mais “precocemente possível” de modo que as informações sejam rigorosas.

As medidas tomadas a nível local para combater os surtos terão sempre de ser decididas e coordenadas pelas autoridades de saúde em articulação com as Comissões Municipais da Protecção Civil locais, informou Graça Freitas. A dinâmica das decisões de saúde pública dessas zonas é, por isso, da responsabilidade das autarquias.

Quanto a idades, 370 das 567 vítimas registadas nesta terça-feira tinham mais de 80 anos. Nesta terça-feira, o secretário de Estado da Saúde, António Lacerda Sales, situou a taxa de letalidade global em 3,2% e, acima dos 70 anos, em 11,4%.

A directora-geral da Saúde disse que cerca de um terço das 567 mortes registadas ocorreu em lares ou residências para idosos. Um padrão “expectável”, tendo em conta o facto de a doença ser mais perigosa para a população idosa e com múltiplas patologias. Graça Freitas afirmou que o Ministério da Saúde deu sempre uma atenção especial aos lares, com incentivo a “medidas preventivas”. "Antes de acontecer um caso de covid-19, deviam ser criados nesses lares, com ajuda comunitária, condições para que a concentração de pessoas não fosse tão intensa”, explicou.

Também desde o início, foram impostas duas regras, que nem sempre foram cumpridas: a proibição de visitas aos lares e a condição de que qualquer novo utente devia ter um teste com resultado negativo para covid-19 e ficar 14 dias em isolamento. “Tudo isto devia ser cumprido”, lamentou Graça Freitas.

Na segunda-feira, registaram-se 535 mortes e 16.934 casos de infecção em todo o país.

DGS realça importância da vacinação

Graça Freitas salientou, na conferência de imprensa desta terça-feira, a importância de continuar com as vacinas do Plano Nacional de Vacinação, um plano que permite ter sob controlo e eliminadas várias doenças infecciosas. “Já temos uma epidemia. A última coisa que queremos é outro surto de uma doença infecciosa”, lembrou a directora-geral da Saúde.

A recomendação é direccionada principalmente à vacinação durante os primeiros 12 meses de vida, que “confere precocemente protecção contra 11 doenças”, as vacinas aos 12 meses, que protegem os bebés de uma forma de meningite, e uma vacina “muito importante” contra o sarampo, a papeira e a rubéola. Graça Freitas destacou esta última vacina, lembrando os surtos de sarampo, uma doença “traiçoeira”, que recentemente atingiram a Europa “já depois da covid-19”. "Nenhuma criança e nenhum adulto com a vacina do sarampo em atraso deve continuar a tê-la em atraso”, reforçou.

Já para as grávidas, a recomendação é que continuem a vacinar-se contra a tosse convulsa, até para proteger o bebé “nos primeiros dias de vida”. Esta vacina não deve ser adiada para lá das 28 a 32 semanas de gestação.

Apesar da redução da assistência a situações não urgentes devido à pandemia, que o PÚBLICO noticiou nesta terça-feira, António Lacerda Sales referiu que o Serviço Nacional de Saúde "continua a dar resposta ao que tem obrigatoriamente de ser respondido”. António Lacerda Sales lembrou ainda que doentes crónicos, oncológicos e outros que sejam acompanhados regularmente “devem recorrer ao seu médico assistente ou à Linha SNS24”.

Em caso de necessidade de deslocação às urgências, a segurança dos utentes está salvaguardada não só com a existência de circuitos distintos mas também com a orientação da DGS, que prevê a utilização de máscara para todas as pessoas no interior das instituições de saúde, lembrou o secretário de Estado.

Em todo o mundo já há quase dois milhões de infectados, de acordo com os dados da Universidade Johns Hopkins. O número de mortes globais eleva-se a 120.449. Já 461.819 pessoas foram dadas como curadas.

A Europa é um dos continentes mais afectados. Itália é o país europeu que conta com o maior número de mortes (20.465) e Espanha é o segundo país do mundo com o maior número de infecções (172.541).

Infarmed lançou especificações para produção de máscaras

António Lacerda Sales anunciou, na conferência de imprensa, que o Infarmed publicou nesta terça-feira as especificações técnicas para produção de máscaras de utilização comunitária, a serem utilizadas pelos cidadãos em espaços públicos fechados. Segundo o secretário de Estado da Saúde, mais de 200 empresas já se disponibilizaram para ajudar na produção, com algumas prontas a iniciar o fabrico ainda esta semana.

Rui Ivo, o presidente do Infarmed, explicou que as especificações permitem saber as condições de protecção que asseguram e quais poderão ser reutilizáveis. “Muito em breve, iremos poder aceder a estes equipamentos”, avançou o responsável.

Para a produção destas máscaras “sociais”, Rui Ivo explica que vão poder ser utilizados vários materiais, como algodão ou poliéster, todos com garantias de utilização para os cidadãos.

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