Associação de empresários compra computadores para alunos carenciados

A Epis está a angariar fundos para ajudar os estudantes que já acompanha regularmente. Prioridade são alunos dos 2º e 3º ciclos e do Secundário.

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Pedro Fazeres

Há já vários anos que a associação Empresários Pela Inclusão Social (Epis) acompanha alunos com problemas de insucesso escolar por todo o país. Na semana passada, antevendo um terceiro período incomum em que uma grande parte dos estudantes estará em casa, a associação lançou uma campanha de angariação de fundos para comprar computadores para os alunos em maiores dificuldades.

Através de donativos dos seus associados, de outras empresas e de alguns particulares, a Epis angariou cerca de 50 mil euros em quatro dias e vai começar esta semana a distribuir os primeiros 60 computadores. “Sabemos que para alguns alunos vai ser o primeiro computador a entrar em casa”, comenta Diogo Simões Pereira, director-geral da associação.

A Epis tem um programa de melhoria do sucesso escolar que abrange mais de 11 mil alunos e que funciona com recurso a mediadores, professores que acompanham os estudantes ao longo do ano lectivo com aulas e actividades suplementares às do currículo normal. Pouco mudou nas últimas semanas. “Temos vindo recentemente a apostar em complementar o trabalho presencial com trabalho remoto”, diz Diogo Simões Pereira.

O que mudou é que o trabalho presencial está neste momento suspenso e na associação começaram a aperceber-se de que nem todos os estudantes tinham meios para estudar convenientemente em casa. “Temos alunos que não têm computador nem wi-fi, temos outros, a maioria, que não tem computador mas tem wi-fi”, descreve o director-geral da Epis.

Do universo total de alunos que a associação acompanha, a Epis decidiu apoiar primeiro os cerca de 4400 alunos que estão nos 2º e 3º ciclos e no Secundário. “Estamos a começar por anos de escolaridade em que as perdas possam ser mais relevantes”, explica Simões Pereira, referindo-se a quem vai mudar de ciclo ou tem exames nacionais este ano. “Só vamos dar mesmo aos que precisam e vamos avaliar com os nossos mediadores”, garante.

A intenção da Epis é distribuir computadores novos que cumpram as especificações definidas pelo Ministério da Educação e já com alguns programas básicos, como um editor de texto e ferramentas para videochamadas. Há, no entanto, empresas interessadas em doar computadores já usados mas ainda aptos para serem recondicionados – uma opção que a Epis está ainda a avaliar.

Esta iniciativa soma-se a outras semelhantes que estão a ser tomadas um pouco por todo o país. Autarquias como Lisboa e Oeiras já anunciaram a compra de computadores e outras ferramentas digitais para alunos carenciados e a Fundação Gulbenkian, em parceria com o Ministério da Educação, também vai destinar uma parte do seu Fundo de Emergência Covid-19 para os estudantes sem acesso ao estudo à distância.

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