Festival de Avignon ainda não desistiu da edição de 2020

O director do maior festival europeu de artes do palco, Olivier Py, apresentou esta quarta-feira a programação da edição deste ano, que só existirá se as medidas de contenção da covid-19 em França forem levantadas a tempo.

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Festival de Avignon, instalação de Sophie Calle Agnès Mellon

A peça Freud, encenada pelo belga Ivo von Hove, director artístico da companhia Toneelgroep de Amsterdão, e um novo espectáculo de dança do encenador e coreógrafo grego Dimitris Papaioannou deverão inaugurar o 74.º Festival de Avignon no próximo dia 3 de Julho, caso a edição deste ano não venha a ser adiada, ou mesmo definitivamente cancelada, pelo eventual prolongamento das medidas de contenção da covid-19 em França.

“Respeitaremos o que as autoridades sanitárias nos pedirem para fazermos”, explicou o director do festival, Olivier Py, assegurando, no entanto, que as suas equipas, mesmo trabalhando à distância, “estão a fazer tudo para que exista uma 74.ª edição”. Mas avisando que quer a programação agora anunciada, quer as respectivas datas, estão sujeitas a alterações.

Apresentada esta quarta-feira por Olivier Py numa intervenção difundida em streaming a partir da página de Facebook do festival, a programação prevista inclui ainda, entre dezenas de outros espectáculos, Liebestod, terceiro andamento das História(s) do Teatro da dramaturga, encenadora e actriz catalã Angelica Liddell, um espectáculo da bailarina e coreógrafa Lisbeth Gruwez e da pianista Claire Chevallier em torno do compositor Claude Debussy, Moby Dick, a mais recente criação da encenadora e marionetista Yngvild Aspeli, o Otelo de Shakespeare numa encenação do lituano Oskaras Korsunovas, Double Murder, do bailarino e coreógrafo israelita Hofesh Shechter, ou a peça Andromaque à l´infini, encenada a partir da Andrómaca de Racine dirigida por Gwenaël Morin, director do Théâtre du Point du Jour, em Lyon.

Se 2020 fosse um ano normal, o festival decorreria durante 20 dias em vários locais da cidade, com cerca de 300 apresentações, muitas delas a cargo de companhias e artistas estrangeiros, que não é certo que possam viajar atempadamente, mesmo que o Governo francês atenue entretanto as medidas para conter a propagação da covid-19. Olivier Py, que pensou esta programação sob o duplo signo de Eros e Tanatos, está bem consciente de que a ameaça do vírus pode acabar mesmo por matar à nascença a edição deste ano e já prometeu fazer “um novo ponto da situação no princípio de Maio”.

Com um orçamento de 13 milhões de euros, o festival é também financeiramente importante para as companhias e artistas envolvidos, e o seu cancelamento constituirá, para muitas delas, um duro revés. Como o será, também, para a própria cidade, já que o impacto económico do numeroso público que se desloca a Avignon para seguir o festival está estimado em 100 milhões de euros.

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