Covid-19. Lar de Aveiro com 15 mortes esperou duas semanas por kits de testes

Há lares à espera da execução de testes de despiste à covid-19 porque não há zaragatoas para recolher amostras, queixa-se autarca.

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Lar da Santa Casa da Misericórdia, em Aveiro, onde 15 idosos faleceram devido à covid-19 Adriano Miranda
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Lar da Santa Casa da Misericórdia, em Aveiro, onde 15 idosos faleceram devido à covid-19 Adriano Miranda
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Lar da Santa Casa da Misericórdia, em Aveiro, onde 15 idosos faleceram devido à covid-19 Adriano Miranda
Bicicleta de estrada
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Lar da Santa Casa da Misericórdia, em Aveiro, onde 15 idosos faleceram devido à covid-19 Adriano Miranda

Quinze utentes de um lar da Santa Casa da Misericórdia de Aveiro morreram vítima de covid-19. Há nesta instituição 77 utentes infectados. Os números foram confirmados pelo presidente da Câmara Municipal de Aveiro, Ribau Esteves.

O autarca adiantou ainda que há também 22 funcionários infectados neste lar que se situa no Complexo Social da Moita, em Oliveirinha.

Os 15 óbitos do lar da Misericórdia de Aveiro registaram-se “ao longo dos dias”, sendo que apenas alguns dos doentes morreram no hospital. Os restantes faleceram na instituição, que tem “uma ala autónoma” para os casos positivos registados, com circuitos e equipas próprias, e onde está a ser tratada a maioria dos utentes.

“Os casos mais delicados” vão ao hospital, disse Ribau Esteves, que adiantou que, neste momento, não há nenhum utente nem funcionário a necessitar de cuidados intensivos. Os casos foram despistados na semana passada, quando os 105 idosos e os funcionários do lar foram sujeitos a testes que já tinham sido pedidos “pelo menos duas semanas” antes, disse Ribau Esteves ao PÚBLICO.

O presidente lamentou a demora, entendendo que a situação verificada no lar, a mais grave registada no município, podia ter sido evitada. “Quanto mais cedo tivéssemos despistado os casos, maior era a probabilidade de baixar o contágio”, afirmou. Dos testes feitos no lar, 99 foram positivos, mais de 75% dos testados, uma percentagem que seria menor caso a encomenda tivesse chegado mais cedo, considerou Ribau Esteves.

Os números do lar da Misericórdia “são muito pesados”, mas o presidente da Câmara alertou para uma questão “mais grave” que continua por resolver no município, dado o risco de situações semelhantes em outras instituições do concelho.

Ribau Esteves revelou que estava prevista para esta segunda-feira a realização de 76 testes noutros dois lares de Aveiro. Foram cancelados. O mesmo aconteceu com os que se deveriam ter realizado noutros cinco lares de municípios da região — Ilhavo, Albergaria-a-Velha, Estarreja, Murtosa e Sever do Vouga. Isto porque o hospital está à espera de zaragatoas.

“O stock do nosso hospital chegou a zero. O tal camião que era para ter chegado faz quinta-feira 15 dias não veio. O penúltimo fornecedor de zaragatoas fui eu, que arranjei 500 em Lisboa e, na semana passada, foi a própria presidente [do hospital] a arranjar outras 500”, explicou o autarca, caracterizando a situação como “dramática”.

“Quanto mais tarde chegarmos aos dois lares de Aveiro e dos municípios vizinhos que já têm casos positivos, mais nos arriscamos a ter números como os da Misericórdia. Ninguém quer isso, é preciso agir depressa”, avisou Ribau Esteves.

Duas mortes em Ílhavo

Em Ílhavo, mais dois utentes do lar de São José que estavam infectados morreram esta segunda-feira, elevando o total de óbitos por covid-19 na instituição para quatro.

Dos 53 utentes, 39 tiveram um resultado positivo nos testes. Os que não estão infectados já foram transferidos no sábado para uma antiga unidade residencial de Ílhavo, enquanto os restantes permanecem no lar, noticiou a Lusa.

E em Viana do Castelo, o presidente da direcção do centro social e paroquial de Darque, o padre Xavier Moreira, criticou também a “demora” na realização dos testes à covid-19. O pároco confirmou à Lusa que 30 dos 41 utentes e três dos 40 funcionários tiveram testes com resultado positivo.

Além do lar, o Centro Paroquial de Promoção Social e Cultural de Darque ainda conta com uma unidade de uidados continuados de média e longa duração, com 32 utentes e 52 funcionários que vão ser testados entre terça e quarta-feira. “O problema disto é não existirem testes para toda a gente”, lamentou o padre.

Em Portugal, segundo o balanço feito esta segunda-feira pela Direcção-Geral da Saúde, registaram-se 311 mortes, mais 16 do que na véspera, 11.730 casos de infecções confirmadas, o que representa um aumento de 452 em relação a domingo.

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