Boris Johnson nos cuidados intensivos com covid-19

A pandemia do coronavírus deixa desafios a líderes infectados ou mesmo doentes. Merkel já saiu da quarentena mas diz que lhe fizeram falta os contactos pessoais. Alguns governos têm planos de contingência.

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Boris Johnson numa conferência de imprensa antes da confirmação de que estava infectado com o novo coronavírus JULIAN SIMMONDS/EPA

O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, foi admitido nos cuidados intensivos depois de piorarem os seus sintomas de covid-19, anunciou esta segunda-feira Downing Street.

Algumas horas antes, Johnson, 55 anos, tinha feito uma curta declaração no Twitter dizendo que estava “bem-disposto” e em contacto com a sua equipa para gerir a crise de saúde provocada pelo novo coronavírus. O seu gabinete dizia que tinha sido admitido num hospital público de Londres a conselho do seu médico, para observação, devido a “sintomas persistentes” de covid-19.

O diário britânico The Guardian diz que Johnson está consciente e que a decisão de o transferir para os cuidados intensivos foi tomada sobretudo por “precaução”, caso o primeiro-ministro venha a precisar de um ventilador. 

Na reunião desta segunda-feira sobre o coronavírus, Johnson foi substituído pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, Dominic Raab, que vai assumir as funções de Johnson a pedido do primeiro-ministro, especificou Downing Street. O Reino Unido não tem regras formais para uma substituição automática de um primeiro-ministro.

Johnson foi o primeiro chefe de Governo a entrar nos cuidados intensivos por covid-19. Mas houve já vários casos suspeitos de infecção.

A chanceler alemã, Angela Merkel, ficou em quarentena depois de um médico que lhe administrara uma vacina contra a pneumonia ter recebido o resultado positivo de um teste para o coronavírus. Merkel continuou a trabalhar, por telefone e vídeoconferência, chefiando também as reuniões do executivo.

Após três testes negativos e duas semanas em casa, a chanceler terminou a sua quarentena, e apesar de dizer que tinha sido possível fazer o seu trabalho, desabafou: “Fizeram-me falta os contactos pessoais”.

Estes são relevantes em tempo de crise e alguns planos de contingência têm isso em conta: o chanceler austríaco, Sebastian Kurz, tem uma ala na chancelaria pronta para o receber e ao seu círculo mais próximo, caso um deles tenha de ficar de quarentena.

Tal como Merkel, outros líderes estiveram em contacto com pessoas infectadas, mas não fizeram quarentena: o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o seu homólogo brasileiro, Jair Bolsonaro, que estiveram juntos num jantar em que vários convidados fizeram testes que se revelaram positivos.

Bolsonaro anunciou o resultado negativo de dois testes, mas nunca os mostrou, o que se tornou um foco de especulações.

Também tem provocado especulações a longa ausência de Daniel Ortega, da Nicarágua. Ortega foi visto pela última vez a 12 de Março, numa reunião online sobre a pandemia do coronavírus.

A voz sobre o coronavírus tem sido a vice-presidente, e mulher de Ortega, Rosario Murillo. Mas “a ausência de Ortega, combinada com uma política de secretismo, faz com que as pessoas não tenham certeza de nada”, comentou Eduardo Enríquez, chefe de redacção do diário La Prensa, à BBC. “É em alturas como estas que é preciso uma liderança confiável e aqui esta liderança está ausente.”

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