Covid-19: Parque das Nações vive “silêncio ensurdecedor”

Zona da cidade, onde geralmente há um corrupio de pessoas sempre a correrem para as suas empresas, está hoje quase deserta, diz associação de moradores e comerciantes.

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Esta costuma ser uma zona da cidade muito movimentada por quem trabalha nas várias empresas qu ali se concentram bruno lisita/arquivo

A zona do Parque das Nações, em Lisboa, vive actualmente num “silêncio ensurdecedor”, com hotéis encerrados, a maioria das empresas fechadas ou em teletrabalho, e apenas alguns restaurantes a trabalharem em regime de take-away.

“O silêncio é ensurdecedor e assustador, quase não se vêem pessoas, nem carros. Não há barulho de aviões e o comboio passa muito de vez em quando”, descreve o presidente da Associação de Moradores e Empresários do Parque das Nações (AMEPN), Figueiredo Costa, à agência Lusa.

De acordo com Figueiredo Costa, mais de 90% do comércio está fechado, estando apenas a trabalhar “farmácias, pequenos comércios de fruta e charcutaria e um hipermercado”.

O presidente da AMEPN destacou o sucesso que está a ter o take-away disponibilizado por alguns restaurantes, referindo que a maioria deles “não tem mãos a medir”.

“Temos na zona 52 restaurantes de grande e média dimensão e, desses, 48 estão fechados. Os restantes optaram por fornecer refeições no sistema take-away e estão a ter muito sucesso”, afirmou

Com 22.000 habitantes e uma média de idades a rondar os 42 anos, a freguesia do Parque das Nações, na qual estão instaladas várias empresas de serviços e também o Campus da Justiça, tem muito poucas lojas de pequeno comércio.

“Aqui não há pequeno comércio, isso é no bairro ao lado [Moscavide, no concelho de Loures], aqui é tudo médio ou grande”, afirmou Figueiredo Costa, explicando que, por isso, as medidas de apoio ao pequeno comércio anunciadas pelo Governo “não terão grande impacto na zona”.

O presidente da AMEPN admitiu que depois de ter sido decretado o estado de emergência, em 19 de Março, se viam “magotes de pessoas no passeio pedonal junto ao rio Tejo”.

“Acho que depois as pessoas foram tomando consciência, especialmente depois daquele dia [28 de Março] em que houve filas na Ponte 25 de Abril e as pessoas foram mandadas parar pela polícia”, explicou.

A AMEPN está, segundo o seu presidente, a colaborar com a polícia e a apelar ao dever de cidadania, que “neste momento exige que todos fiquem em casa”.

“Vamos usar o nosso jornal Notícias do Parque, que sai em breve, para apelar a que as pessoas fiquem em casa”, explicou.

Figueiredo Lopes referiu ainda que a AMEPN respondeu favoravelmente a um pedido da Junta de Freguesia, que poderá vir a precisar de voluntários para se deslocarem aos lares de idosos.

Portugal encontra-se em estado de emergência desde 19 de Março, devido à pandemia da covid-19, tendo a Assembleia da República aprovado hoje o seu prolongamento até 17 de Abril.

O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infectou mais de 940 mil pessoas em todo o mundo, das quais morreram mais de 47 mil.

Em Portugal, segundo o balanço feito esta quinta-feira pela Direcção-Geral da Saúde, registaram-se 209 mortes, mais 22 do que na quarta-feira (+11,8%), e 9.034 casos de infecções confirmadas, o que representa um aumento de 783 em relação à véspera (+9,5%).

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