Covid-19: Von der Leyen reconhece erros da Europa em carta aberta aos italianos

Perante “o inimaginável” da pandemia, a UE “teve um comportamento danoso que podia ter sido evitado”, escreve a presidente da Comissão Europeia.

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Ursula von der Leyen EPA/OLIVIER HOSLET

Hoje “a Europa está a mobilizar-se ao lado da Itália, mas nem sempre foi assim”, reconhece a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, numa carta aberta aos italianos, publicada no jornal La Repubblica.

“A Itália foi afectada pelo coronavírus mais do que qualquer outro país europeu. Somos testemunhas do inimaginável”, escreve Ursula von der Leyen, para, de seguida reconhecer que “nos primeiros dias da crise, perante a necessidade de uma resposta comum europeia, pensámos demasiado apenas nos nossos próprios problemas”.

O erro inicial, diz a responsável europeia, foi “não termos percebido que só juntos, como União, poderíamos vencer esta pandemia”. E admite sem reservas que “este foi um comportamento danoso e que podia ter sido evitado”. Se estamos num tempo em que a distância entre as pessoas é fundamental, “a distância entre as nações europeias, pelo contrário, põe tudo em perigo”.

No entanto, prossegue, “no último mês, a Comissão Europeia não poupou esforços para ajudar a Itália”. Foi, segundo Von der Leyen, graças aos esforços institucionais que “25 países europeus uniram forças e enviaram milhões de máscaras para Itália e Espanha para a protecção de todos, em especial dos trabalhadores do sector da saúde”.

Sublinha mesmo que, desde que se corrigiu o passo, apostando numa “resposta coordenada a um problema comum”, passámos a ver “mais solidariedade na Europa do que em qualquer outra parte do mundo”. E refere várias iniciativas, destacando o anúncio feito na quarta-feira de uma “caixa de integração europeia”, baptizada como Sure, que se destina a ajudar os que “não têm neste momento possibilidade de trabalhar, mas que não podem deixar de pagar as contas” e a apoiar “milhares de empresas fortes e saudáveis que se encontram em dificuldades por causa do coronavírus”.

A actual situação está a pressionar as finanças dos países europeus e “a Europa quer dar-lhes a mão”, o que só é possível com a “solidariedade” de todos os Estados-membros. Com este apoio, no valor de 100 mil milhões de euros, diz Ursula von der Leyen, será possível que muitos trabalhadores ultrapassem esta fase, voltando aos seus trabalhos anteriores, quando as medidas de contenção da pandemia forem abrandadas.

A presidente da Comissão Europeia termina lembrando que “esta crise é uma prova para a Europa”. “Não nos podemos permitir falhar, [porque] as decisões que tomamos hoje serão recordadas durante anos [e] dão forma à Europa de amanhã”, observa. Se já foram tomadas “algumas decisões corajosas”, o facto é que “muitas outras serão ainda necessárias”.  “Uma Europa fundada na solidariedade – a nossa maior esperança e o nosso investimento num futuro comum – [é a única resposta]” conclui.

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