Sara Bichão, a respigadora de esculturas

A mais recente exposição de Sara Bichão leva-nos numa viagem até à origem da escultura.

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Tudo parece decorrer de um universo pós-escultura, onde nem a forma é um dado fixo, nem a matéria possui vocação de eternidade Pedro Guimarães

Sara Bichão vai andando pela sala ampla da galeria e falando sobre as peças da exposição. Olhando para As facas não mordem, um leque de peças presas a uma base amarela, semelhantes a um canivete suíço, informa-nos que é uma peça “perigosa”, que qualquer uma daquelas lâminas pode facilmente cortar um braço. Aproxima-se depois da parede e mostra outras esculturas. Numa delas, que inclui movimento, accionam-se dois globos oculares protésicos em sentidos diferentes. Chamou a esta escultura Passa-se que há um olho que roda para a esquerda e outro que insiste em fixar a direita. Mais à frente, duas figuras vagamente totémicas estão penduradas na parede. A escultora usou tensores que parecem comprimir as formas até a um limite próximo da ruptura, da destruição. Um par de óculos quebrados reforça esta leitura. Sara diz-nos que os encontrou no chão, deixou passar e quando voltou ao mesmo lugar viu que eles ainda lá estavam. Soube então que devia levá-los para os utilizar possivelmente numa futura escultura.

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