Dia de Portugal: Marcelo não vai (outra vez) à Madeira

Palácio de Belém anunciou o cancelamento do programa das cerimónias do 10 de Junho previstas para o Funchal e África do Sul. Pandemia da covid-19 foi a justificação apresentada.

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Celebração do 10 de Junho no Porto (2017) Nelson Garrido

A Presidência da República cancelou o programa previsto para as cerimónias do 10 de Junho deste ano, que seriam divididas entre a Madeira e a África do Sul.

“Haverá celebração do 10 de Junho em Lisboa, com os cuidados impostos pelas circunstâncias”, disse Marcelo Rebelo de Sousa em Belém, acrescentando que espera que possa haver, tanto na Madeira como na África do Sul, no próximo ano” - o que acontecerá já num novo mandato presidencial.

Numa carta enviada na terça-feira aos presidentes da Assembleia da República (Ferro Rodrigues), da Assembleia Legislativa da Madeira (José Manuel Rodrigues) e do Governo Regional da Madeira (Miguel Albuquerque), Marcelo Rebelo de Sousa justifica a decisão com a crise do novo coronavírus.

“Considerando as circunstâncias actuais da pandemia covid-19, cujos efeitos se vão ainda estender por largas semanas, vejo-me constrangido a decidir a anulação das comemorações do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, que estavam previstas no mês de Junho, para o Funchal e junto das comunidades portuguesas na África do Sul”, escreveu o Presidente na carta enviada também ao representante da República para a Madeira, Ireneu Barreto, e ao presidente da Câmara Municipal do Funchal, Miguel Silva Gouveia.

Marcelo lamenta “tal decisão”, que a “a situação actual a isso exige”, mas não adianta, para já, um programa alternativo concreto.

Depois de Portalegre e Cabo Verde, no ano passado, Açores e Estados Unidos em 2018, Porto e Rio de Janeiro (2017) e Lisboa e Paris (2016), a Presidência da República pretendia assinalar este ano o 10 de Junho na Madeira e na África do Sul, país com uma numerosa comunidade portuguesa com origem naquela região autónoma. Marcelo tinha mesmo convidado Miguel Albuquerque para acompanhá-lo na deslocação à África do Sul.

É a segunda visita que Marcelo cancela este ano à Madeira, devido à pandemia da covid-19. O Presidente da República tinha programado estar esta sexta-feira no Funchal para participar nas comemorações dos 600 anos da Descoberta da Madeira e do Porto Santo. Pelo meio, ia marcar presença na inauguração de uma nova unidade hoteleira, o Savoy Palace. Em Junho, ia assinalar o Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, depois de ano anterior ter rejeitado o convite feito pelas autoridades regionais para comemorar o 10 de Junho no arquipélago. 

O Funchal pretendia acolher as comemorações em 2019, um ano depois de o programa ter decorrido nos Açores. O executivo regional formulou o convite logo em Janeiro desse ano, mas Marcelo não respondeu de imediato. Primeiro quis falar com António Costa, antes de decidir por Portalegre e Cabo Verde.

Uma escolha mal recebida na Madeira. Num ano com um calendário eleitoral intenso – europeias, legislativas e regionais –, o governo madeirense e o PSD local acusaram Belém de ter cedido perante o que consideraram ser mais uma interferência do primeiro-ministro na vida política do arquipélago.

Marcelo mandou dizer que não. Que era precisamente por isso, pelo ano eleitoral intenso, e para evitar que presença do Presidente da República pudesse ser explorada na campanha, que as comemorações do Dia de Portugal teriam por palco a Madeira, mas só em 2020.

Agora, com este cancelamento, a sensibilidade que fica nos corredores políticos regionais, é que será em 2021, que o programa presidencial do 10 de Junho vai decorrer no Funchal. * Com Leonete Botelho

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