Coronavírus: Portugal tem 60 mortes e mais de 3500 pessoas infectadas

São mais 17 mortes do que na quarta-feira. Região norte é aquela com mais casos confirmados de infecção: são mais de 1800 e 28 mortes. “É crucial que as pessoas não adoeçam todas ao mesmo tempo”, diz secretário de Estado da Saúde.

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PAULO PIMENTA

Até esta quinta-feira foram registadas 60 mortes em pessoas com covid-19 (mais 17 do que na quarta-feira) e 3544 casos confirmados de infecção em Portugal – um aumento de 18% no número de casos face ao dia anterior. Os números constam do boletim epidemiológico da Direcção-Geral da Saúde (DGS), que actualiza os dados diariamente. Há ainda 191 pessoas hospitalizadas e 61 pessoas internadas nos cuidados intensivos (o mesmo número de quarta-feira); ao todo, 43 pessoas recuperaram (quase o dobro desde o último balanço). Na quarta-feira, tinham sido registadas 43 mortes e 2995 infectados em Portugal.

Quanto às vítimas mortais, 80% tinha mais de 70 anos. Foram ainda registadas quatro mortes em pessoas com idades entre os 50 e os 59 anos e oito dos homens que morreram tinham entre 60 e 69 anos. Até ao momento a letalidade em Portugal está um pouco acima de 1%, disse a directora-geral da Saúde, Graça Freitas, em conferência de imprensa.

A região norte é aquela com mais casos de infecção: são 1858, com 28 mortes registadas. Segue-se a região de Lisboa e Vale do Tejo, com 1082 casos identificados (e 18 mortes). As cidades com mais casos são Lisboa (284), Porto (259), Vila Nova de Gaia (163), Maia (157) e Ovar (119). Foram feitos mais 1102 testes desde o último boletim. 

“É crucial que as pessoas não adoeçam todas ao mesmo tempo”

À meia-noite desta quinta-feira entrou em vigor em Portugal um novo plano para abordar a covid-19 para dar resposta à fase de mitigação em que o país se encontra – quando há transmissão local em ambiente fechado e transmissão comunitária. “Não é [uma transmissão comunitária] exuberante nem descontrolada, mas existe”, afirmou Graça Freitas na quarta-feira. Esta fase corresponde ao nível de alerta e resposta mais elevado, sendo esta a fase mais grave de contágio.

Segundo o secretário de Estado da Saúde, António Sales, “todo o Serviço Nacional de Saúde está pronto a dar respostas a doentes com covid-19 [nesta nova fase]. Todas as unidades estão operacionais, tendo criado circuitos [para a circulação de doentes] covid e não covid”. “Esta nova fase obriga a cada um a aumentar os seus cuidados pessoais. É crucial que as pessoas não adoeçam todas ao mesmo tempo”, avisa António Sales. O secretário de Estado da Saúde afirmou ainda que os equipamentos de protecção individual (EPI) serão “reforçados nas próximas semanas” – e os profissionais de saúde terão prioridade.

Com as novas regras, aplicadas a todo o sistema de saúde (público, privado e social), haverá uma generalização de testes e do atendimento a doentes covid-19 com todos os hospitais a prestar cuidados e os centros de saúde. E com grande parte dos doentes a serem seguidos em casa.

Graça Freitas explica que, nesta fase de mitigação, os hospitais privados não serão agora obrigados a transferir os doentes para os hospitais de referência. Tal não acontecia na fase de contenção. Porém, ainda não há números de internados nestes hospitais por apenas ter-se iniciado esta fase à meia-noite.

A directora-geral da Saúde explica ainda que esta é uma doença de “longa evolução”, o que significa que quantos mais doentes houver – relembrando que estamos agora na fase mais crítica da doença – e o tempo passar, mais doentes estarão em situação grave. “Alguns destes casos graves vão evoluir para morte, infelizmente”.

Portugal já recebeu 5 mil testes dos 80 mil previstos para esta semana

“Chegaram ontem 5 mil testes dos 80 mil que estavam previstos para a semana. Os restantes chegam no início da próxima semana” afirmou o secretário de Estado da Saúde. Entre público e privado, Portugal tem capacidade para 30 mil testes.

No que diz respeito aos testes, Graça Freitas, directora-geral da Saúde, indica que têm feito os testes necessários, tendo em conta as pessoas que aparecem no sistema. “Até à data temos mais de 22 mil suspeitos e todos estes foram submetidos a teste. Vamos continuar a metodologia, todos os suspeitos vão ser testados.” Acrescenta ainda que, com a subida da curva epidémica, aumenta também o número de suspeitos, logo haverá mais testes a ser realizados.

Porém, Graça Freitas garante que “já há capacidade para o sector privado complementar o sector público” e que as administrações regionais de saúde e as unidades de centro de saúde estão já prontas para que as pessoas que sejam consideradas suspeitas pela SNS24 tenham acesso a um teste “no tempo mais curto possível”. A directora-geral relembra ainda que “o objectivo do teste é detectar casos positivos precocemente para os isolar”.

O Hospital Fernando Fonseca, ou Amadora-Sintra, realizou ontem cerca de 800 testes de despiste à covid-19. De acordo com António Sales, “o hospital vai testar todos os profissionais e doentes que se justificarem”. Foram confirmados sete profissionais com infecção pelo novo coronavírus e também sete doentes que não apresentavam sintomas relacionados com esta doença. No total há 30 pessoas internadas nesta unidade de saúde com covid-19.

Pelo mundo

Um balanço da Reuters publicado diariamente dá conta de que, desde o início do surto em finais de Dezembro, o coronavírus SARS-CoV-2 causou já mais de 21.200 mortes por todo o mundo, tendo sido confirmados mais de 470.800 casos de infecção. A Itália é o país com mais mortes em todo o mundo: em pouco mais de um mês, morreram 7500 pessoas.

Em Espanha, registou-se até esta quinta-feira um total de 4089 mortes, mais 655 do que na quarta-feira, segundo avançou o Ministério da Saúde espanhol. Ao todo, já houve 56.188 pessoas infectadas no país – e 31.912 estão hospitalizadas. Já recuperaram 7015 pessoas. Na quarta-feira, a Espanha ultrapassou o número de mortes registadas pela China, onde teve origem o surto de covid-19. O mesmo já tinha acontecido com Itália. Os Estados Unidos, que a Organização Mundial de Saúde (OMS) crê poder tornar-se o principal foco da pandemia, registaram mais de mil mortes resultantes de covid-19 até hoje.

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