Algoritmos dos novos Huawei P40 aprenderam a copiar fotógrafos profissionais

A marca chinesa manteve a agenda e lançou os seus novos topos de gama esta quinta-feira. O foco é a fotografia, com novidades nos sensores, algoritmos, píxeis e lentes.

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Os novos telemóveis da Huawei vêm com uma assistente digital chamada Celia Huawei

Mesmo com parte do mundo em regime de teletrabalho, a Huawei decidiu manter a agenda e, tal como estava planeado há semanas, apresentou os seus novos topos de gama sem serviços do Google — o P40, o P40 Pro e o P40 Pro Plus, todos disponíveis para 5G.

Só que em vez de uma apresentação em Paris, como tinha sido inicialmente anunciado, foi através de um directo no YouTube com o director executivo para a área de consumo da empresa chinesa, Richard Yu, a falar sobre as novidades para uma plateia vazia. 

“Queremos dar a melhor qualidade fotográfica possível, 24 horas por dia”, destacou Richard Yu.  Com mudanças destacadas nos sensores, píxeis, lentes e algoritmos de captação de imagem, o foco da série “P” continua a ser o de criar smartphones com as capacidades das máquinas fotográficas profissionais com a ajuda da inteligência artificial. 

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Richard Yu fez a apresentação, em directo, através do YouTube

O P40 e o P40 Pro estão disponíveis em Portugal a partir de 7 de Abril, com preços que começam nos 829,99 euros e 1049,99 euros, respectivamente.

Algoritmos que eliminam emplastros

Como já é habitual com a série P, o foco dos dois novos aparelhos é a fotografia, com a marca a manter a parceria que começou com a alemã Leica em 2016 (com o modelo P9). Tanto o P40 como o P40 Pro vêm com um maior sensor de entrada de luz (permite manter a qualidade em ambientes menos luminosos), câmaras frontais de 32 megapíxeis e algoritmos de inteligência artificial actualizados que devem perceber melhor o ambiente que os rodeia e juntar várias imagens para obter um resultado final mais fino. Uma das funcionalidades, por exemplo, permite fundir várias imagens para eliminar emplastros.

“A inteligência artificial permite identificar o ‘melhor momento’ numa fotografia ao perceber quais as fotografias em que o utilizador tem a melhor postura e expressão facial”, explica Richard Yu. Os algoritmos foram treinados com dados de imagens tiradas por fotógrafos profissionais em situações que implicam movimento, como por exemplo nos eventos desportivos.

Os novos P também vêm com tecnologia de pixel binning, uma técnica que permite juntar vários píxeis (normalmente são quatro, mas nos novos Huawei são 16) para formar um maior.

A fabricante chinesa apresentou também uma nova assistente pessoal, chamada Celia, capaz de ajudar o utilizador a definir alarmes e mudar definições.

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O telemóvel vem com o sistema operativo EMUI 10.1

Google continua ausente

Embora a marca tenha optado por transmitir a apresentação no YouTube (uma empresa da Google), o aparelho não vem com produtos Google pré-instalados. A disputa comercial entre os EUA e China no começo de 2019 impediu que os novos topos de gama da Huawei viessem com aplicações do Google. Ou seja, não vêm com Chrome, Google Maps, ou Gmail — nem têm acesso à loja do Google para os instalar. Como acontece desde Setembro, o sistema operativo dos aparelhos é o EMUI, a versão do Android da Huawei criada a partir da versão em código aberto, que está disponível para qualquer pessoa ou empresa.

Para contornar a ausência do Google, a marca tem estado a contactar criadores de aplicações populares em todo o mundo para que adaptem os seus serviços à loja de apps da Huawei (AppGallery) e recorrido a incentivos financeiros para os motivar a desenvolver novas aplicações compatíveis com o EMUI 10.1, a mais recente versão do Android da Huawei.

Diferença está nas câmaras

A grande diferença entre os dois modelos são as câmaras. No P40 Pro, há um sistema de quatro objectivas Leica: uma grande angular de 50 megapíxeis, uma cinemática ultra grande, uma periscópica e uma TOF (sigla inglesa para “tempo de voo”). Esta última mede a distância entre a lente e o objecto e permite recriar um ambiente tridimensional da cena. É particularmente útil para funções de reconhecimento facial em ambientes pouco luminosos, ou efeitos fotográficos em que determinados elementos surgem desfocados.

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No P40 há um sistema de tripla câmara Leica (grande angular de 50 megapíxeis, lente grande angular de 16 megapíxeis e lente de telefoto com oito megapíxeis).

Os telemóveis também têm um sensor maior de impressão digital na parte frontal do ecrã (30% maior que o modelo P30), o que deverá permitir uma maior rapidez a desbloquear. Ambos os telemóveis estão protegidos contra pó e água, embora o P40 Pro aguente longos períodos de imersão (certificação IP68), enquanto o P40 (certificação IP53) apenas alguns pingos sobre o telemóvel.

Reagir a um mercado em queda

Com o mercado de smartphones em queda, a marca aproveitou a ocasião para anunciar uma oferta de três meses de subscrição aos seus serviços de streaming de música e filmes, a Huawei Music e a Huawei Video (actualmente, apenas disponível em Itália e Espanha, mas deve chegar a Portugal antes do final do ano). 

“O lançamento do P40 estava a ser planeado há meses e quando chegou a altura, perguntámo-nos se de facto este seria o momento ideal”, admite Tiago Flores, director de vendas da Huawei Portugal, em declarações ao PÚBLICO. “Do feedback que fomos tendo dos nossos parceiros e consumidores acreditamos que sim. As pessoas precisam de comunicar, querem retratar os seus dias e partilhar, por exemplo, uma fotografia com os pais com quem não podem estar”, acrescentou Flores, numa altura em que muitas fabricantes procuram formas de manter o interesse dos consumidores com quedas nas vendas de smartphones.

A empresa de consultoria IDC está a registar quedas de 30% a 40% nas vendas de muitos fabricantes. E muitos dos produtos agora apresentados poderão levar meses até chegar ao mercado com as fabricantes de componentes e as empresas de distribuição incapazes de funcionar normalmente devido à pandemia da covid-19. “A aposta em serviços faz todo o sentido, porque as pessoas estão em casa, a passar mais tempo ao telemóvel. Ao oferecer serviços, as marcas conseguem convencer os consumidores a utilizar os seus produtos”, diz ao PÚBLICO Francisco Jerónimo, analista na empresa de consultoria IDC.

Ao manter os lançamentos, as empresas têm a atenção dos consumidores. “Se adiassem o lançamento, teriam de realizá-lo no fim do ano quando outras marcas, como a Apple, já têm lançamentos marcados. E agora, muitos consumidores estão em casa, mais receptivos a informação”, diz Jerónimo. 

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