Politécnicos juntam-se e criam dois protótipos de ventiladores numa semana

A ideia é dar resposta à escassez de ventiladores, caso se verifique esta necessidade. O Politécnico de Viseu e Leiria desenvolveram, em conjunto com uma rede e em apenas uma semana, dois protótipos. Após o licenciamento, poderão ser fabricados em série.

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LUSA/Matteo Corner

Os Politécnicos de Viseu e Leiria anunciaram este domingo, 22 de Março, que desenvolveram, no espaço de uma semana e com apoio de uma rede, dois protótipos de ventiladores para tentar dar resposta à escassez destes equipamentos, face à pandemia da covid-19.

As duas instituições, com a colaboração de uma rede de politécnicos de norte a sul do país e de empresas, desenvolveram dois protótipos de ventiladores que poderão depois ser fabricados em série, após um processo de licenciamento, afirmou hoje à agência Lusa o presidente do Instituto Politécnico de Viseu (IPV), João Monney Paiva.

A ideia surgiu há uma semana e uma equipa de cerca de 15 a 20 pessoas dos dois politécnicos começou a desenvolver dois protótipos de ventiladores de emergência — um baseado na operação de um motor eléctrico e outro a funcionar com base em ar comprimido pneumático —, explicou.

Com base num modelo de acesso livre disponibilizado pelo MIT (Massachusetts Institute of Technology), a equipa, que contou sempre com o acompanhamento de médicos, terminou neste sábado, por volta das 23h, os primeiros dois protótipos, estando ainda a ser desenvolvido um terceiro sistema, referiu João Monney Paiva.

“Pensámos no que seria possível fazer para ajudar as pessoas. Esperemos que nada disto seja necessário, mas, caso seja, que ajude a não passar por situações de falta de recursos e de se ter que escolher em que doente se aplicam”, vincou o presidente do IPV.

Agora, a expectativa é que empresas se mostrem interessadas em avançar com um processo de licenciamento junto do Infarmed e a disponibilidade de fabricar os ventiladores em série, referiu. “Queremos sensibilizar o Infarmed para que possibilite uma análise mais expedita e, se virem que este equipamento é crítico, que façam uma avaliação mais rápida”, salientou o responsável.

Ao mesmo tempo, a equipa disponibilizou um email para empresas e instituições poderem ajudar no projecto, seja na melhoria dos protótipos, seja no fornecimento de componentes e equipamentos que serão necessários na sua produção em série, como por exemplo células de oxigénio, disse.

Segundo João Monney Paiva, está já montada uma rede de politécnicos de Beja, Bragança, Cávado e Ave, Guarda, Lisboa, Tomar e Viana do Castelo, disponíveis a colaborar, nomeadamente com máquinas usadas em contexto de aulas ou de investigação para apoiar na produção dos ventiladores.

Além do processo de licenciamento, o responsável acredita que o projecto poderá ter problemas com falta de componentes, face à pandemia da covid-19, querendo também sensibilizar o Ministério da Ciência para poder “fazer contactos e estabelecer as cooperações possíveis para que isto avance”.

Portugal tem 14 mortes associadas ao vírus da covid-19 confirmadas, mais duas do que no sábado, e 1.600 pessoas infectadas, segundo o boletim da Direcção-Geral da Saúde (DGS). A pandemia da covid-19 já provocou 12.895 mortos e 300.097 pessoas estão infectadas em 169 países e territórios.

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