Lidar com o stress e ansiedade em tempos de quarentena

Apesar de difícil, esta altura convida-nos a abrandar o ritmo e a observar a forma como preenchemos o nosso tempo, esse bem mais do que precioso. Convida-nos a contactar com os nossos medos, frustrações, aspirações e projecções futuras. Convida-nos a rendermo-nos à incerteza do futuro.

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Philipp Berndt/Unsplash

Os tempos de quarentena são especialmente desafiantes para a nossa saúde mental e equilíbrio emocional, pelo que é fundamental que tenhamos presentes os riscos que corremos para que possamos fazer-lhes frente.

Se por um lado a ameaça à nossa integridade física alimenta sentimentos de união e esperança e impulsiona grandes esforços colectivos, por outro pode espoletar sentimentos de medo e desespero pela incerteza do futuro. Juntando a esta equação a pressão que o isolamento nos impõe, em tempos como os que vivemos são muito comuns sensações de pânico, sentimentos de revolta e desesperança, assim como reacções de ódio, estigma e xenofobia dirigidos a algumas pessoas ou grupos sociais, ao governo ou autoridades.

Eis algumas ideias para pores em prática nos próximos tempos e que te podem ajudar a lidar com tudo isto:

  • limita a quantidade de informação a que te expões e selecciona bem as tuas fontes;
  • mantém as rotinas, separando o tempo de trabalho e de lazer. Pode ser útil delineares um plano de actividades;
  • sê criativo e procura fontes de estímulo alternativas aos ecrãs;
  • mantém uma boa higiene do sono, não durmas demais nem durmas de menos;
  • mantém uma alimentação saudável e diversificada, com produtos frescos e fontes de vitaminas. Modera as tuas compras, lembra-te que há pessoas que não podem pagar grandes quantidades de bens de uma só vez, e que os stocks dos supermercados serão mais bem geridos se todos/as formos conscientes;
  • pratica exercício físico. Lembra-te que dez minutos por dia podem fazer toda a diferença na forma como te sentes: mente e corpo são um só;
  • mantém a conexão com outras pessoas, seja através das plataformas digitais ou na varanda com o/as vizinho/as;
  • viaja sem saíres do lugar: é agora que vais poder ler aqueles livros que te esperam há séculos na prateleira. Assiste a filmes, realiza visitas virtuais a museus, ideias não faltam;
  • expressa a tua criatividade, desenha, pinta, canta, dança. Tudo o que te ponha o lado direito do cérebro a funcionar é muitíssimo mais útil do que matutar nos mesmo assuntos;
  • aproveita da melhor forma estes tempos de reclusão.

Apesar de difícil, esta altura convida-nos a abrandar o ritmo e a observar a forma como preenchemos o nosso tempo, esse bem mais do que precioso. Convida-nos a contactar com os nossos medos, frustrações, aspirações e projecções futuras. Convida-nos a rendermo-nos à incerteza do futuro, reconhecendo a impermanência inerente à vida.

Para além disso, estes tempos pedem-nos que pensemos sobre aquilo que somos, sobre o nosso lugar no mundo e sobre o modo como nos comportamos enquanto indivíduos e colectivo. Que nos alertam para a fragilidade da vida humana e dos sistemas que nos organizam enquanto espécie. São tempos que nos fazem questionar o modo como nos relacionamos com as nossas famílias e comunidades, que colocam em perspectiva os modelos de crescimento económico e social que nos dominam. Recordam-nos da importância dos direitos fundamentais e da pertinência da solidariedade social.

Aproveitemos estes tempos para olharmos mais para dentro do que para fora. Aproveitemos para nos transcendermos.

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