Coronavírus: Provedora recomenda ao Governo que não se esqueça dos animais

Circunstâncias criadas pela pandemia do coronavírus podem potenciar abandono, como já sucedeu na China, avisa Marisa Quaresma dos Reis.

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Paulo Pimenta

Preocupada com as consequências da declaração do estado de emergência por causa da pandemia do coronavírus em Portugal, a Provedora dos Animais de Lisboa, Marisa Quaresma dos Reis, emitiu uma recomendação ao Governo destinada a evitar o surgimento de situações dramáticas.

Antecipando que os detentores de animais que contraiam a doença possam ficar impedidos de prestar cuidados aos seus bichos, e que o problema possa também atingir as colónias de gatos que dependem dos humanos que regularmente os alimentam, a provedora preconiza a criação de equipas de resgate de animais que tenham estado em contacto com pessoas infectadas, seguindo-se o devido encaminhamento para médico veterinário habilitado e entrega posterior a canis, associações zoófilas ou ainda de confiança do dono do animal. “Muitos animais domésticos (animais de companhia e domesticados em geral, incluindo os de interesse pecuário) correm o risco de ficar isolados, sem acesso a água e alimento ou cuidados médico-veterinários urgentes por força de contaminação dos seus detentores por Covid-19”, assinala. “A situação poderá ser ainda mais grave se estiverem em locais com sérias probabilidades de infecção”, como apartamentos pequenos. Pelo mesmo motivo, muitas associações com animais a cargo poderão ver-se impedidas de prestar os cuidados necessários aos seus animais.

O Provedor dos Animais de Almada já constituiu uma equipa preparada com equipamento próprio para intervir, mediante solicitação, em resgate de animais em ambiente contaminado, tendo estabelecido uma parceria informal com a Provedora Municipal dos Animais de Lisboa para poder actuar também neste município.

O alerta de Marisa Quaresma dos Reis baseia-se num precedente: o abandono dos bichos cresceu exponencialmente na China, e em especial em Wuhan, depois do aparecimento do novo coronavírus, por causa dos receios de contágio pelos animais. Sendo expectável que o mesmo suceda em Portugal, Marisa Quaresma dos Reis pede ao Governo que incremente as penas aplicáveis a este crime durante esta fase. E defende ainda que as restrições de circulação de pessoas que possam vir a ser decretadas não abranjam nem detentores de animais nem veterinários que se desloquem por razões de necessidade urgente de assistência.

A provedora quer igualmente excepcionar de eventuais restrições à circulação os cuidadores de colónias autorizadas pelos municípios e os voluntários de associações zoófilas com animais a cargo que precisem de deslocar-se aos abrigos. Por fim, diz na mensagem que enviou aos secretários de Estado dos Assuntos Parlamentares e da Presidência do Conselho de Ministros, é preciso garantir a manutenção da cadeia de aquisição e distribuição de alimentos por parte das associações que cuidam dos bichos e também nos canis municipais, os chamados centros de recolha.

Até há dois dias não existiam evidências de que animais de companhia como gatos e cães pudessem contrair e transmitir a doença. Porém, testes realizados a um cão de 16 anos em Hong Kong deram positivo. O animal acabou por morrer, não sendo certo que isso se tenha devido ao vírus. 

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