Ilhas Baleares fecham-se ao mundo quando já há mais de 11 mil infectados em Espanha

O arquipélago no Leste de Espanha encerrou os aeroportos e portos a quase todos os voos domésticos e internacionais para tentar travar a pandemia que já infectou mais de 11 mil pessoas, quase duas mil registadas só nas últimas 24 horas, e matou 491 em Espanha. Há relatos de falta de testes.

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GUILLAUME HORCAJUELO/LUSA

As Ilhas Baleares, a Leste de Espanha, vão fechar-se ao mundo por causa da pandemia de covid-19. Os voos domésticos e internacionais serão encerrados, exceptuando umas poucas ligações, e os portos fechados e dezenas de equipas do exército espanhol especializadas em guerra biológica vão ser destacadas para o arquipélago. Espanha já registou 11.178 casos de infecção e 491 pessoas morreram e há relatos de falta de testes. 

“Qualquer voo comercial ou privado para as Ilhas Baleares de qualquer aeroporto nacional está proibido”, disse esta terça-feira a chefe de governo do arquipélago, Francina Armengol, depois de se ter reunido com os responsáveis locais dos aeroportos e portos. “Nenhum passageiro poderá chegar às Ilhas Baleares por mar”. 

A chefe de governo pediu aos 25 mil turistas que continuam no arquipélago que regressem o mais depressa possível aos seus países de origem, caso contrário poderão ser deportados, como avisou há alguns dias. A grande maioria de casos registados nas Ilhas Baleares deve-se à chegada de turistas, disse o responsável local pela gestão da crise, Francesc Albertí. E, continuou, as autoridades esperam que o número de casos aumente nos próximos dias.

As novas medidas da política de “restrição máxima”, avançadas pela governante e que serão elencadas numa nova ordem ministerial do Governo liderado por Pedro Sánchez para se fecharem as fronteiras aéreas e marítimas (as terrestres já estão fechadas), têm no entanto algumas excepções. Todos os residentes que estejam fora do arquipélago poderão regressar nos únicos voos diários de ida e volta provenientes de Madrid, Barcelona e Valência para Palma, Minorca e Ibiza. Os voos inter-ilhas também serão limitados a um diário por companhia aérea e o transporte de cargas estará restrito a três rotas diárias. 

Além disso, os aeroportos terão equipas de profissionais de saúde para levar a cabo testes de coronavírus e o exército espanhol vai enviar dezenas de equipas especializadas em guerra biológica para desinfectar as ruas do arquipélago, entretanto vazias e patrulhadas por militares. 

O Governo espanhol declarou este fim-de-semana o estado de emergência, mas os casos de infecção continuam a ser elevados, apesar de o executivo sentir que estão a diminuir. Soube-se esta terça-feira que já foram confirmadas 11.187 infecções (mais 1987 novos casos nas últimas 24 horas), das quais 92 nas Ilhas Baleares, e 491 pessoas morreram vítimas da pandemia (mais 182). Uma subida abrupta que faz temer o pior. 

A comunidade de Madrid continua a ser a mais afectada pelo coronavírus, registando-se 43% dos casos confirmados, ou seja, 4871 infecções. Mas é também onde se encontra a maioria dos doentes curados: 19% (1028). E teme-se o pior: que os casos confirmados possam representar apenas uma porção dos reais, dado que tem havido relatos de falta de testes em Espanha e as autoridades terem deixado de testar os casos com sintomas mais leves desde pelo menos sábado, diz o El País

“É algo que provavelmente aconteceu em Itália e muito provavelmente também aconteceu em alguns lugares de Espanha”, admitiu o director do Centro de Coordenação de Alertas e Emergências de Saúde, Fernando Símon, referindo que os casos não detectados possam estar a propagar a pandemia. Sem testes, é impossível às autoridades de saúde saberem a dimensão da crise e poderem gerir e destacar os meios necessários. 

A velocidade e mortalidade do coronavírus ficaram bem espelhadas nas 19 mortes de idosos num lar em Madrid, apesar das restrições às visitas de familiares, diz o El País. Os idosos são um dos principais grupos de risco, tal como as grávidas, e receia-se que os cuidados intensivos dos hospitais espanhóis fiquem em breve sobrecarregados: há 432 pessoas internadas e dever-se-á ultrapassar a barreira das mil no fim-de-semana, diz o La Vanguardia

“Se a pandemia continuar a sua trajectória actual, a maioria dos países da União Europeia excederá a sua capacidade de cuidados intensivos até ao final de Março”, alertou o Centro Europeu de Prevenção e Controlo de Doenças, citado pelo jornal catalão. “Os cuidados intensivos são a parte mais crítica do sistema de saúde nesta epidemia”, complementou Ricard Ferrer, chefe dos cuidados intensivos no hospital de Vall d'Hebron, na Catalunha. 

O foco do combate ao coronavírus está agora na saúde, mas as consequências económicas não tardarão a sentir-se e, por isso, o Governo de Sánchez aprovou o segundo pacote de medidas económicas para apoiar os trabalhadores e empresas, seguindo os passos do executivo italiano. Será de 200 mil milhões de euros e é a maior mobilização de recursos económicos na História de Espanha. 

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