Ordem diz que 20% dos casos de coronavírus são médicos. Governo contradiz números

Bastonário da Ordem dos Médicos alerta que falta de protecção individual de médicos dificulta o combate ao novo coronavírus.

Foto
Paulo Pimenta

A Ordem dos Médicos denunciou esta terça-feira que 20% das pessoas infectadas em Portugal são profissionais de saúde e alertou que a falta de equipamentos de protecção individual está a ser o calcanhar de Aquiles do combate ao novo coronavírus. O secretário de Estado da Saúde garante, no entanto, que há cerca de 30 profissionais de saúde infectados, 18 deles médicos, entre os 448 infectados - uma percentagem inferior. 

“Do número de casos de infecção pelo novo coronavírus conhecido até ao momento, pelo menos 20% são já em médicos”, tinha afirmado a Ordem, alertando para a necessidade de serem divulgadas orientações claras sobre que equipamentos usar e em que circunstâncias e de os disponibilizar “a todos os profissionais que estão no terreno a combater esta situação de emergência de saúde pública internacional”.

“Na fase em que nos encontramos não é possível continuarmos a só proporcionar equipamentos de protecção individual em locais de apoio directo ao Covid-19”, defende a Ordem, frisando que, com cadeias de transmissão desconhecidas, “todas as pessoas que estão no terreno, em todas as unidades de saúde, precisam de estar devidamente protegidas”.

Na nota enviada às redacções, o bastonário Miguel Guimarães diz que têm chegado à Ordem dos Médicos vários relatos de escassez ou inexistência de equipamentos de protecção individual, bem como da falta de orientações claras sobre que equipamentos os médicos devem usar e quando.

Reportar falhas 

Miguel Guimarães insta a que todos os colegas reportem as falhas e exijam trabalhar devidamente protegidos, “por si, pelos doentes e pelos portugueses”.

No comunicado, o bastonário diz também que “esta falta de equipamentos de protecção individual para profissionais está a ser o calcanhar de Aquiles no combate ao novo coronavírus”.

“Arriscamo-nos a que muitos médicos e profissionais de saúde fiquem doentes e isso, para além do drama pessoal e familiar, significa não termos os médicos e profissionais necessários para tratar os doentes enquanto atingimos o pico da epidemia”, diz Miguel Guimarães.

O bastonário insiste ainda que, se Portugal quiser ser bem-sucedido, tem de “seguir o exemplo de Macau, e não de Itália”.

A continuar assim, sublinha, “com muitas unidades de saúde (hospitais e centro de saúde) a não cumprirem as regras mínimas de protecção individual e colectiva, a situação pode tornar-se crítica e instável”.

A Ordem diz-se ainda atenta a tudo o que está a acontecer no terreno e a procurar, por todos os meios e a vários níveis, contribuir para proteger a vida dos doentes e dos profissionais de saúde”.

Quase 100 infectados a recuperar em casa

Portugal registou na segunda-feira a primeira vítima mortal de Covid-19, a doença provocada pelo novo coronavírus.

O último boletim da Direcção-Geral da Saúde, divulgado na segunda-feira, dava conta de 331 pessoas infectadas, das quais 139 estão internadas (18 em cuidados intensivos). Há 192 doentes a recuperar em casa e três pessoas curadas.

Actualmente, há 18 cadeias de transmissão activas em Portugal, mais quatro do que no domingo.

Em todo o mundo, o novo coronavírus, que surgiu em Dezembro na China, já infectou cerca de 170 mil pessoas, das quais 6.850 morreram.  Os números indicam ainda que mais de 75 pessoas já recuperaram da doença.

Sugerir correcção
Comentar