Ainda sem novas medidas aprovadas, Centeno faz promessa ao estilo Draghi

Presidente do Eurogrupo garante que os governos da zona euro vão fazer “tudo o que for preciso” para combater a crise económica trazida pelo coronavirus

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LUSA/JOSÉ SENA GOULÃO

Foi com uma promessa de acção ao estilo de Mario Draghi, mas sem novas medidas para apresentar para além das que já foram anunciadas ao longo dos últimos dias pelos diversos governos europeus, que Mário Centeno resumiu os resultados de mais uma reunião do Eurogrupo centrada no combate ao impacto económico do novo coronavírus.

“Faremos tudo o que for preciso, e mais”, afirmou o ministro das Finanças português, no seu papel de presidente do grupo que reúne os ministros das Finanças de toda a zona euro. A promessa é réplica aquilo que foi dito em 2012 pelo então presidente do Banco Central Europeu e que marcou uma viragem na crise das dívidas soberanas da zona euro. Na altura, os mercados acreditaram na promessa de Draghi. Está ainda por saber se a promessa de Centeno – e dos seus colegas do Eurogrupo – irá ser recebida com o mesmo entusiasmo.

Para já, aquilo que o Eurogrupo tem para apresentar, para além da promessa de fazer “tudo o que for preciso”, são as medidas que já foram sendo adoptadas ao longo dos últimos dias pelas diferentes capitais, nomeadamente com apoios orçamentais aos sistemas de saúde, à liquidez das empresas e aos rendimentos dos trabalhadores. De acordo com as contas de Centeno, o apoio orçamental corresponde neste momento a 1% do PIB da zona euro, sendo que as medidas destinadas a garantir a liquidez na tesouraria das empresas corresponde a 10% do PIB.

O presidente do Eurogrupo, na conferência de imprensa que se seguiu à reunião (feita por videoconferência), destacou e elogiou os apoios lançados pela União Europeia.

No entanto, outro tipo de medidas que têm vindo a ser pedidas aos líderes europeus por algumas capitais não ficaram decididas na reunião desta segunda-feira. A suspensão da aplicação das regras orçamentais europeias foi considerada desnecessária, com Mário Centeno a defender que a flexibilidade existente no Pacto garante que este “não irá impedir o combate à crise”.

E em relação a uma utilização do Mecanismo de Estabilidade Europeu (MEE) para apoiar no combate ao choque económico trazido pelo coronavírus, eventualmente apoiando os países que revelem maior dificuldade, como a Itália, não houve qualquer avanço.

Centeno disse apenas que o Eurogrupo mandatou o MEE, em conjunto com a Comissão, para encontrarem formas de contribuir para o esforço que está a ser efectuado. E se o comissário europeu Paolo Gentiloni defendeu que o MEE é uma arma poderosa que deve ser utilizada no combate à crise, Klaus Regling, o presidente do BCE, lembrou que nenhum país da zona euro tem neste momento dificuldades em financiar-se nos mercados, parecendo querer distanciar-se de uma intervenção de apoio a um país em concreto nesta fase.

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