Prisa reitera que Cofina violou acordo de compra

Grupo espanhol reforça a ideia de que irá utilizar “todas as medidas” contra a dona do Correio da Manhã.

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Nelson Garrido

A espanhola Prisa reiterou esta segunda-feira que a Cofina “violou o acordo de compra e venda” para aquisição da Media Capital,​​​ dona da​​​​ TVI, e que já iniciou “todas as medidas” contra a empresa na defesa dos seus interesses.

Na sexta-feira, a proprietária do Correio da Manhã considerou que não deve 10 milhões de euros à Prisa - Promotora de Informaciones por ter desistido de comprar a Media Capital, empresa que detém a TVI, entre outros meios.

Esta segunda-feira, em comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), a Prisa reitera o que afirmou em 11 de Março, em particular que, “no seu entendimento, a Cofina violou o acordo de compra e venda datado de 20 de Setembro e alterado em 23 de Sezembro de 2019” relativo à venda de toda a participação detida pela espanhola na subsidiária Vertix SGPS, que detém 94,69% da Media Capital. 

Em 11 de Março, a Cofina anunciou a desistência da compra da TVI após falhar a operação de aumento de capital aprovada pelos seus acionistas em 29 de Janeiro.

A Prisa garantiu ainda que “iniciou e continuará a procurar todas as medidas e acções contra a Cofina em defesa dos seus interesses, dos seus accionistas e quaisquer outros afectados pela situação criada pela Cofina”.

Além disso, a Prisa “rejeita os motivos pelos quais a Cofina pretende agora basear a resolução do acordo de compra e venda, sobre o qual se refere na sua comunicação pública de 13 de Março”.

A Prisa “afirma que não é apropriado, como a Cofina parece pretender na comunicação” da passada sexta-feira, “alterar o contrato de compra e venda com o objetivo de restabelecer o equilíbrio dos respetivos benefícios recíprocos, de acordo com os princípios de boa fé, uma vez que houve uma violação prévia do referido acordo pela Cofina”.

Na sexta-feira, em comunicado à CMVM, a Cofina informou o mercado que, “seu entendimento, o contrato não caducou por efeito insucesso do aumento de capital da Cofina, cujo prospecto foi objeto de divulgação no passado dia 17 de Fevereiro, razão pela qual não são devidos os 10 milhões de euros”. Isto porque, propôs à Prisa voltar às mesas de negociações, depois de citar as condições de mercado adversas para não concluir o aumento de capital na data prevista.

A Cofina comunicou mesmo ao mercado que enviou à Prisa, “em 12 de Março, uma notificação de resolução do contrato (na base de fundamentos que oportunamente serão objecto de divulgação pública), condicionada a que, no prazo de sete dias, a Cofina e a Prisa não venham a acordar numa modificação do contrato de forma a restabelecer um equilíbrio das prestações recíprocas conforme com os princípios da boa-fé”.

A operação de aumento de capital da Cofina - no montante de 85 milhões de euros - visava financiar a compra da dona da TVI.

No entanto, perante a “deterioração das condições de mercado” e “não tendo sido verificada a condição de subscrição integral do aumento de capital, a oferta ficou sem efeito”, justificou na semana passada a empresa liderada por Paulo Fernandes.

Ou seja, “não se encontram reunidas as condições de que depende a conclusão do negócio de compra e venda das ações da Vertix (e indiretamente da Media Capital)”, justificou a Cofina.

A oferta abrangia a subscrição reservada a accionistas no exercício do direito de preferência e demais investidores que adquiram direitos de subscrição, através da emissão de 188.888.889 novas acções ordinárias, escriturais e nominativas, sem valor nominal. 

O preço de subscrição tinha sido fixado em 0,45 euros por cada nova acção, que correspondia ao respectivo valor de emissão. 

Os accionistas da Cofina tinham aprovado no final de Janeiro o aumento de capital até 85 milhões de euros para financiar a compra da TVI. Na mesma altura, os accionistas da Prisa aprovaram a venda da Vertix, que detém a maioria da Media Capital, à Cofina, em assembleia-geral extraordinária, em Madrid.

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