Coronavírus: há 331 casos confirmados de infecção, mais 86 do que no domingo

Primeira morte por covid-19 confirmada em Lisboa. O número de cadeias de transmissão subiu de 14 para 18. Há três casos de pessoas que já recuperaram.

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Adriano Miranda

Foi confirmada esta segunda-feira a primeira morte por covid-19 em Portugal. Trata-se de um homem de 80 anos que estava internado há vários dias no Hospital de Santa Maria, em Lisboa. O octogenário tinha várias patologias associadas.

Há 331 casos confirmados de infecção pelo novo coronavírus em Portugal, anunciou a Direcção-Geral da Saúde (DGS) no boletim epidemiológico de hoje. São mais 86 casos do que no domingo. Há 374 pessoas que aguardam resultado laboratorial e há três casos de pessoas que já recuperaram.

Dos casos confirmados, há 139 pessoas internadas em unidades de saúde, 18 em unidades de cuidados intensivos. Na conferência de imprensa de domingo, a ministra da Saúde referiu que oito destes casos são críticos. Em geral, são idosos e com patologia associada, esclareceu Graça Freitas.

“Com os dados que dispomos à data é previsível que a curva epidemiológica aumente pelo menos até ao final de Abril”, afirmou Marta Temido. Os dados dos relatórios diários da mostram essa evolução. Os casos têm crescido de dia para dia sobretudo na região de Lisboa e Vale do Tejo, que regista agora 142 casos, e do Norte, que tem 138 casos de infecção.

Domingo trouxe uma alteração no padrão que se tinha registado desde que começaram a surgir casos confirmados da doença. A região Norte, onde o surto estava a ter o maior impacto com mais casos confirmados, deixou de ser aquela com mais doentes.

Esta alteração quer dizer que as medidas de contenção tomadas mais cedo no Norte – com encerramento de escolas e outros espaços públicos – estão a ter efeito e a ter impacto na evolução da epidemia? E uma disseminação na Região de Lisboa e Vale do Tejo? Deveriam ter sido tomadas medidas semelhantes nesta região mais cedo?

Ainda é precoce fazermos qualquer ilação sobre a situação nas duas regiões, mas estaremos atentos aos próximos dias”, afirmou a DGS, este domingo, ao PÚBLICO. “Ainda é cedo para se assumir haver um ‘controlo da epidemia’, assim como para ver o efeito das medidas de saúde pública numa curva epidémica (número de casos confirmados por data de início de sintomas)”, disse ainda na resposta por escrito, na qual salientou que “a Região de Lisboa e Vale do Tejo também implementou medidas de saúde pública, como o encerramento de escolas, entre outras”.

Também na região Centro houve um aumento de casos – são agora 31 quando no domingo eram dez -, assim como no Algarve, onde há 13 doentes positivos, mais três do que no dia anterior. Os Açores têm um caso registado. Há ainda cinco pessoas infectadas com residência no estrangeiro. Alentejo e Madeira mantêm-se sem casos confirmados.

O número de cadeias de transmissão também subiu: de 14 para 18, com casos importados sobretudo de Espanha (16), Itália (14), França (nove) e Suíça (cinco). Os outros casos importados são de Andorra, Bélgica, Alemanha e Áustria.

Tosse é o principal sintoma

A maior parte dos casos positivos continua a ser nas faixas etárias entre os 20 e os 59 anos. No total, desde 1 de Janeiro, são já 223. No domingo eram 177 positivos entre estas idades. Abaixo dos dez anos há agora três casos confirmados.

Quanto a idades superiores, a partir dos 60 anos, dos casos confirmados até esta segunda-feira, 77 são pessoas nestas faixas etárias, dos quais 12 tinham idade igual ou superior a 80 anos. No domingo, os casos positivos acima dos 60 anos eram 40 e no dia antes 26.

A idade e a existência de doenças crónicas – como diabetes, cardíacas, respiratórias – é factor de risco para esta doença. De acordo com os dados disponíveis com base na análise da epidemia noutros países, é aqui que se centra a maior taxa de letalidade. O que tem levado as autoridades de saúde a deixar especiais recomendações para estes grupos, como por exemplo não conviver com os mais novos.

Quanto a sintomas, a maior parte das pessoas infectadas apresentava tosse (53%), e havia também quem tivesse febre (31%), cefaleia (19%), dores musculares (18%) e fraqueza generalizada (13%). Só em 9% dos casos houve dificuldades a respirar.

A epidemia segue o curso esperado e semelhante à de outros países, que já estão numa fase mais avançada. Ao todo, desde 1 de Janeiro de 2020, houve 2908 casos suspeitos, sendo que 2203 não se confirmaram. Há 4592 pessoas em vigilância pelas autoridades.

Durante o fim-de-semana, a ministra e a directora-geral da Saúde anunciaram alterações para responder a esta nova fase da epidemia, que já é de mitigação. Ou seja, embora ainda se conheçam cadeias de transmissão, os casos entre a comunidade vão aumentar sem que seja possível estabelecer uma ligação com uma linha de contactos.

Já esta segunda-feira saiu a nova orientação da DGS, referindo que a partir de agora todos os doentes com suspeitas de covid-19 vão ser testados. Também os hospitais vão suspender toda a actividade programada, para se focarem no combate à epidemia.

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