Presidente da TAP diz que crise “não tem paralelo”, tripulantes exigem mais medidas

Presidente da TAP destacou numa mensagem aos trabalhadores que os “sacrifícios” não vão acabar “no momento do regresso à normalidade”. Sindicato recomenda aos tripulantes uso de luvas.

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Esta semana, a TAP foi atingida em cheio pelo bloqueio de Trump Nelson Garrido

No dia em que a companhia faz 75 anos, Antonoaldo Neves destacou numa mensagem aos trabalhadores que os “sacrifícios” não vão acabar “no momento do regresso à normalidade”. 

“De 1945 para cá a TAP passou por períodos difíceis, mas a dimensão da crise actual não tem paralelo”, afirmou o presidente da companhia, Antonoaldo Neves, num comunicado enviado aos trabalhadores no dia em que a empresa faz 75 anos.

“Além das profundas consequências na aviação e no turismo”, destacou o gestor, “vive-se hoje a nível global uma crise com forte impacto na saúde dos povos e na sua economia”.

Sublinhando que “a TAP é a mais importante empresa nacional”, Antonoaldo diz que vão ser mobilizadas todas as energias “para garantir a actividade da TAP nas melhores condições” e retomar o caminho que estava a ser trilhado até aqui, logo que possível, mas que “os sacrifícios não acabam no momento do regresso à normalidade sanitária global”.

“Será ainda necessário que haja um regresso aos níveis de procura normais, sem esquecer que as consequências negativas na saúde financeira da indústria se repercutirão por muito tempo”, afirmou o gestor.

Tripulantes exigem mais medidas

Por parte do Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNPVAC), este sábado foi enviada uma carta aos seus associados da TAP na qual esta estrutura diz ter solicitado à empresa “medidas adicionais a bordo que mitiguem a propagação” do novo coronavírus  “e protejam os tripulantes de cabine”.

“Até este momento, não obtivemos qualquer resposta da empresa, o que perante este cenário, é incompreensível”, diz o sindicato. Na mensagem, a direcção do SNPVAC destaca que os tripulantes de cabine estão “na linha de frente” e recomenda “a todos os tripulantes o uso das máscaras sempre que achem necessário, e o uso das luvas durante todo o voo”. Por outro, diz o sindicato que “caso não exista gel desinfectante a bordo”, estes trabalhadores devem-se recusar a fazer o voo. “Se devido a estas medidas forem os tripulantes alvo de algum processo disciplinar ou outra forma de perseguição por parte da empresa, o SNPVAC não se escusará a disponibilizar todos os meios legais para protecção dos seus associados e convocará assim que for possível uma assembleia geral para defesa de todos”, avança o sindicato.

Ajudas em cima da mesa

Conforme noticiou o PÚBLICO, depois de questionado sobre se o Governo está preparado para injectar capital na TAP, o Ministério das Infra-estruturas de Pedro Nuno Santos respondeu esta sexta-feira, através de fonte oficial, que está “a acompanhar a situação com muita preocupação”. Devido ao impacto que o sector da aviação está a sofrer, há já empresas a solicitar apoios por parte dos governos, tanto na Europa como nos EUA, nomeadamente após o anúncio dos EUA de que não iriam aceitar durante 30 dias passageiros que tivessem estado no espaço europeu Schengen nos últimos 14 dias (à excepção dos norte-americanos).

Em Bruxelas, a Comissão Europeia sinalizou a propósito do vírus que, em termos de regras da concorrência, as ajudas concedidas pelos Estados são compatíveis com o mercado interno quando esses auxílios se destinam “a remediar os danos causados por calamidades naturais ou por outros acontecimentos extraordinários”, conforme está escrito no Tratado de Funcionamento da União Europeia, o que inclui, destaca-se, sectores “como a aviação e o turismo”.

Antes do anúncio dos EUA, numa conferencia telefónica com analistas, Antonoaldo Neves já tinha referido que, a haver qualquer tipo de ajudas estatais na UE, a TAP deveria estar entre as visadas devido à sua importância para o país. Por outro lado, destacou que já sabia que podia contar com o apoio dos accionistas, ou seja, do consórcio privado Atlantic Gateway (dono de 45% do capital, detido por David Neeleman, a Azul, e por Humberto Pedrosa) e do Estado português (50%).

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