Sem coordenação, Europa irá “ver um cenário que nos fará lembrar a crise de 2008”, alerta Lagarde

Christine Lagarde esteve ontem em conferência à distância com os líderes da União Europeia, a quem pediu mais investimento público

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Reuters/Ralph Orlowski

A presidente do BCE e antiga líder do Fundo Monetário Internacional (FMI) alertou esta terça-feira à noite, em “conference call”, para os riscos de um choque económico semelhante ao da última crise financeira na Europa a menos que os líderes europeus actuem em bloco para reagir ao impacto dos efeitos globais da doença covid-19.  

Sem uma acção coordenada ao nível europeu “iremos ver um cenário que irá lembrar a muitos de nós a grande crise financeira de 2008”, alertou ontem Christine Lagarde, de acordo com a Bloomberg, que cita fonte não identificada.

Segundo a agência noticiosa, Christine Lagarde garantiu que o BCE, que tem uma reunião de política monetária amanhã, quinta-feira, está a olhar para todos os instrumentos disponíveis, nomeadamente no que tocas a políticas de financiamento de forma a garantir o fluxo contínuo de liquidez.  

A Reuters, que, por seu lado, cita duas fontes não identificadas sobre o conteúdo da “conference call” afirma que, além de poder vir a reduzir os juros – como aliás o fez já a Reserva Federal a 3 de Março e esta quarta-feira o Banco de Inglaterra – poderá ainda avançar com um mecanismo que facilite o crédito a pequenas e médias empresas, para que sobrevivem à fase mais tumultuosa do impacto da epidemia.

A Itália, país de 60 milhões de pessoas que está actualmente em quarentena, é a economia europeia que será mais directamente afectada, mas, alertou Lagarde, o impacto irá certamente alastrar a outros países do bloco regional.

A presidente do BCE elogiou algumas das medidas já tomadas, mas pediu mais aos Estados-membros europeus, segundo a Bloomberg: não actuar de forma corajosa agora iria aumentar o risco de “colapso de parte das vossas economias”, sublinhou Largarde.  

Na reunião à distância desta terça, os líderes da União Europeia – nem a Bloomberg nem a Reuters destaca nenhum dos membros individualmente – concordaram fazer “tudo o que é necessário” para conter o impacto económico do novo coronavírus, desde permitir apoios públicos ao sector empresarial até à criação de um fundo de 25 mil milhões de euros. O FMI, recorde-se, anunciou há dias que tem cerca de 45 mil milhões de euros para minimizar o impacto da epidemia à liquidez das empresas mais expostas ou economias mais débeis.

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