Mais de 100 mil alunos já estão sem aulas por causa do novo coronavírus

Escolas e instituições de ensino superior estão a apertar as medidas para prevenir um contágio ainda mais alargado do vírus que já foi diagnosticado em 39 portugueses.

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NELSON GARRIDO

Em pouco mais de 24 horas, dezenas de instituições de ensino de Norte a Sul do país anunciaram medidas mais apertadas para tentar conter um surto ainda mais abrangente do novo coronavírus (covid-19). Estas acções, algumas ainda sem prazo para terminarem, vão deixar mais de 100 mil alunos sem aulas e impedir o seu acesso a edifícios escolares.

O Conselho Nacional de Escolas Médicas decidiu fechar as portas de todas as faculdades de medicina do país, medida que afecta mais de 12 mil estudantes. A Faculdade de Medicina da Universidade do Porto já tinha anunciado que todos os seus estudantes estavam interditados de circular no edifício do Hospital de São João. As instalações partilhadas do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar e da Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto vão permanecer encerradas até 20 de Março.

Também na região do Porto, a Escola Superior de Tecnologia e Gestão do Politécnico fechou por tempo indeterminado “todas as instalações onde decorrem aulas”, incluindo Amarante e Penafiel, no distrito do Porto, além de Felgueiras e Lousada.

Esta segunda-feira foi também anunciado que a Cooperativa de Ensino Superior Politécnico e Universitário (CESPU), que gere o Instituto Universitário de Ciências da Saúde, em Gandra, no distrito do Porto, e o Instituto Politécnico de Saúde do Norte (que integra a Escola Superior de Saúde do Vale do Ave, em Vila Nova de Famalicão, e a Escola Superior de Saúde do Vale do Sousa, também em Gandra, ia suspender todas as aulas e encerrar a maior parte dos seus espaços.

A Escola Superior de Enfermagem do Porto (ESEP) avançou que ia suspender “todas as actividades de ensino clínico/estágio” dos cursos e por tempo indeterminado. O ISCE Douro foi outras das instituições da região Norte a rever a sua actividade lectiva durante as próximas duas semanas. “Entre hoje e até ao próximo dia 23 de Março, o nosso Instituto, irá apenas ministrar aulas à distância (bem como as respectivas tutorias), suspendendo as aulas presenciais”, referiu a instituição em comunicado.

No distrito de Vila Real, a Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, decidiu suspender eventos e actividades desportivas da responsabilidade da academia, bem como as deslocações em serviço para países afectados pelo surto de covid-19.

Na Universidade do Minho, cerca de 90 estudantes estão em quarentena profiláctica voluntária nas residências da academia em Braga, por terem estado em contacto com um aluno infectado com o novo coronavírus. Além disso, esta instituição anunciou esta segunda-feira à noite “a suspensão das actividades lectivas presenciais em toda a universidade”.

Também no distrito de Braga, o Instituto de Estudos Superiores de Fafe fechou as instalações e suspendeu actividades presenciais pelo menos por duas semanas, por razões preventivas, numa medida que abrange 900 alunos.

A par com outras instituições de ensino, a Universidade de Coimbra (com pelo menos 22 mil alunos) também vai suspender todas as aulas. Já a Universidade Nova de Lisboa anunciou medidas mais apertadas para conter um possível surto, entre estas suspender reuniões científicas públicas com mais de 50 pessoas e com participantes provenientes do estrangeiro, adiar eventos públicos não científicos no perímetro da universidade e ainda reduzir a frequência de pessoas em cantinas e residências “ao mínimo possível”.

A Universidade de Lisboa avançou com uma série de medidas para “contenção da propagação do vírus”, entre estas a suspensão das actividades lectivas presenciais e das bibliotecas, salas de estudo e dos refeitórios. Além disso, e segundo anunciou a instituição com 59 mil alunos em comunicado, “as actividades físicas e desportivas, realizadas nas instalações do Estádio Universitário e das escolas, são suspensas, nomeadamente as que decorram em recintos fechados, ou mantidas com restrições”.

Também a Universidade dos Açores (com pólos em São Miguel, Terceira e Faial) decidiu adiar por “tempo indeterminado ou cancelar” os “congressos, workshops, seminários ou outros eventos públicos científicos ou culturais” em espaços da instituição. A academia proibiu a entrada nas residências universitárias a qualquer pessoa que se desloque para o arquipélago proveniente de outros países e regiões sem que tenha cumprido um período de quarentena.

Este domingo, a Direcção-Geral da Saúde (DGS) anunciou que todas as escolas dos dois concelhos portugueses mais afectados pela covid-19, Lousada e Felgueiras, no distrito do Porto, seriam encerradas.

Na Amadora, duas escolas estarão fechadas até 20 de Março. A decisão foi tomada depois de terem sido identificados dois novos casos de infecção: um na Escola Secundária da Amadora (ESA) e outro na Escola Básica 2,3 Roque Gameiro.

Em Portimão, no distrito de Faro, dois estabelecimentos de ensino estão fechados: a Escola Secundária Manuel Teixeira Gomes, onde uma aluna foi diagnosticada com covid-19, e a Escola Básica Professor José Buisel, onde lecciona a mãe da aluna doente, também infectada.

A Direcção-Geral de Saúde (DGS) confirmou que existem 39 pessoas infectadas com o novo coronavírus em Portugal e que 339 casos suspeitos aguardam os resultados laboratoriais.

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