Confrontos, motins e detenções no regresso do Chile aos protestos violentos

Manifestações recomeçaram no início da semana. Em Santigo foram saqueadas lojas, suspensos transportes públicos e detidas mais de 300 pessoas desde segunda-feira.

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A vaga de protestos violentos e de contestação social que varreu várias cidades do Chile em Outubro do passado regressou em força no início deste mês de Março, em várias cidades do país. Mais de 300 pessoas foram detidas, desde segunda-feira, numa semana marcada por confrontos entre manifestantes e a polícia, barricadas nas ruas e saques a estabelecimentos comerciais.

Antofagasta, Temuco e Concepción foram palco de protestos e actos de violência urbana, mas foi na capital, Santiago do Chile, que se registaram os momentos de maior tensão, apesar de uma parte considerável das manifestações se ter desenrolado de forma pacífica.

Várias estações de metro e serviços de transporte público foram encerrados ou suspensos durante a noite de terça-feira (madrugada desta quarta-feira, em Portugal) e na praça Plaza Baquedano e Plaza Italia foram detidas 29 manifestantes de “primeira linha”, segundo a polícia chilena, citada pelo jornal La Tercera.

“Houve uma boa estratégia policial, que permitiu a detenção de quase 30 pessoas violentas”, confirmou à rádio T13 o ministro do Interior, Gonzalo Blumel, elogiando o trabalho da polícia – que em Dezembro foi denunciada pelas Nações Unidas por violações de direitos humanos na contenção dos protestos – e apontando o dedo aos autores dos desacatos.

“É positivo que se tenha gerado o consenso de que há grupos que querem apenas realizar actos violentos, atacar os carabineros, e que não têm nada que ver com as exigências sociais. A violência é incompatível com a democracia”, disse o ministro.

Na véspera, também em Santiago, a polícia foi atacada com cocktails molotov, pedras e tijolos, na Plaza de la Dignidad de Santiago, naquele que foi, desde o regresso dos protestos, o dia mais violento, com ruas barricadas, objectos a arder e lojas assaltadas.

Segundo as autoridades, nessa noite foram detidas 283 pessoas e 76 polícias ficaram feridos. 

“Aquilo que vimos durante a noite foi crime, puro e simples crime”, afirmou Blumel, numa mensagem partilhada pelo seu ministério no Twitter. 

Os protestos de Outubro começaram com um aumento do preço do bilhete do metro, decretado pelo Governo de Sebastian Piñera (liberal), mas evoluíram para um movimento alargado de contestação social e de crítica popular às desigualdades sociais e económicas no Chile.

Na fase mais crítica das manifestações chegou a haver carros blindados a patrulhar as ruas de várias cidades chilenas e a serem decretados estado de emergência e recolher obrigatório. Pelo menos 31 pessoas morreram, milhares ficaram feridas e dezenas de milhares foram detidas.

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