Costa antecipa-se a Marcelo e visita doentes em quarentena no Porto

Primeiro-ministro garante que não faltará dinheiro para conter epidemia. “Esse será o último dos problemas”.

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Primeiro-ministro visitou doente infectado com coronavírus no Centro Hospitalar Universitário São João, no Porto Adriano Miranda
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Primeiro-ministro visitou doente infectado com coronavírus no Centro Hospitalar Universitário São João, no Porto Adriano Miranda

No mesmo dia em que o Presidente da República disse que, por vontade sua, “já lá estava”, próximo dos portugueses infectados pelo novo coronavírus, o primeiro-ministro deslocou-se ao Centro Hospitalar Universitário de São João, no Porto, mostrando que o executivo está preparado para enfrentar o problema. E também para deixar uma garantia: não faltará dinheiro para lidar com a epidemia. “Esse será o último dos problemas”, declarou António Costa, sossegando, assim, a Ordem dos Médicos que pediu ao Governo uma linha de financiamento específica para a Covid-19 para que os hospitais tenham autonomia para responder à doença.

No Centro Hospitalar Universitário de São João encontram-se internados dois dos quatro casos positivos diagnosticados em Portugal até esta terça-feira (há outro no Santo António, no Porto, e outro no Curry Cabral, em Lisboa). Durante a visita ao serviço de doenças infecciosas do São João, o primeiro-ministro comunicou com o primeiro doente ali diagnosticado com Covid-19, um homem de 33 anos, através de um vidro. O doente em causa, que lhe revelou estar em bom estado de saúde, é um trabalhador da área da construção civil que foi internado depois de ter passado por Valência.

Questionado sobre as declarações proferidas por Marcelo Rebelo de Sousa na manhã desta terça-feira, António Costa desvalorizou-as: “O sr. Presidente da República nunca precisou da autorização do Governo para estar onde entenda que deva estar”, disse. E aproveitou para destacar que o “espírito de colaboração institucional é total”. “Nesta fase o que está em causa é, sobretudo, algo que tem a ver com a função executiva”, disse o primeiro-ministro, indo ao encontro das afirmações de Marcelo que defende que o Governo deve ter a “primazia” na gestão da epidemia Covid-19.

Pouco depois, o Presidente da República declarou em Lisboa que pretendia fazer uma visita a uma das unidades onde estão internados doentes infectados com o coronavírus, visita que terá de ser articulada com a ministra da Saúde, Marta Temido.

Para António Costa, a função executiva “é organizar o sistema, preparar o sistema, verificar se o sistema está em condições, ver que medidas, eventualmente, são necessárias, adoptar para o caso de esta situação se agravar, verificar se as coisas estão a funcionar bem, se é preciso melhorar alguma articulação e isso são competências do Governo”.

Duas mil camas no SNS

Antes, o primeiro-ministro tinha garantido que o Serviço Nacional de Saúde tem “capacidade de resposta” através da reorganização dos seus serviços para uma eventual “grande expansão” do surto provocado pelo novo coronavírus. “Temos no conjunto do país, 2000 camas referenciadas como podendo estar reservadas a pessoas que sejam, exclusivamente, portadoras do coronavírus. Dessas 2000, temos 300 para cuidados intensivos. O próprio Serviço Nacional de Saúde, na sua esfera hospitalar, tem capacidade de expansão através da reorganização dos seus serviços”, precisou o primeiro-ministro.

Consciente de que a situação pode complicar-se, Costa sublinhou que, “no caso de haver uma grande expansão [do vírus]”, haverá uma fase em que “muitos dos doentes que hoje estão internados – numa fase de contenção da epidemia – podem perfeitamente estar em isolamento na sua própria casa”. “Isto, porque, na generalidade dos casos, a sintomatologia é muito semelhante à sintomatologia das gripes”, referiu o chefe do Governo, que aproveitou o momento para sublinhar quais os cuidados que as pessoas devem ter nesta fase.

Segundo explicou, o sistema terá de ter “a flexibilidade necessária para, no limite, só estar no hospital quem necessariamente e estritamente necessita de estar, o que será uma percentagem menor dos casos que possam vir a registar-se”.

O Centro Hospitalar Universitário de São João tem 25 camas afectas a esta infecção, quatro delas em cuidados intensivos.

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