Um fim-de-semana em Istambul

O leitor Augusto Lemos partilha a sua experiência na cidade turca.

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Nunca tínhamos ido a Istambul. Aproveitámos uma escala a caminho de Ho Chi Minh e acabámos por lá ficar um fim-de-semana.

E em três dias dá para ver alguma coisa em Istambul? Claro que dá, mas também há muita coisa que fica por ver. Istambul é grande e com muita história. Já se chamou Constantinopla e também já se chamou Bizâncio. É uma cidade que liga a Europa ao continente asiático. É uma cidade que reúne um confluir de culturas, a ocidental, a muçulmana e outras. Que manteve o Império Romano até ao século XV, sem deixar de afirmar uma cultura grega orientalizada. Depois foi o centro do Império Turco, que foi diminuindo no final da I Grande Guerra.

Finalmente vamos a Istambul. Vamos ver algumas daquelas coisas que todos os turistas vão ver e vamos ver outras que poucos turistas vêem, como é o caso da escadaria Camondo, que há muitos anos (1953) foi fotografada por Henry Cartier-Bresson, e como é o caso ainda do Istanbul Fotograf Museum. Há outro sítio que pode não ser tão turístico, mas que é lugar importante para os amantes dos livros de Orhan Pamuk. Claro que estou a falar do Museu da Inocência, a ideia de um livro que se tornou num museu material concreto.

Dos sítios mais turísticos, seleccionamos três, só mesmo para não dizerem que não estivemos em Istambul: Santa Sofia, a Basílica Cisterna e o Grande Bazar, além de um passeio de barco no Bósforo.

Ficámos alojados no coração de Istambul, no Sulthanamet, a cem metros da Santa Sofia e da Basílica Cisterna com as suas 336 colunas. O Hotel Alp Guesthouse tem, além de excelentes pequenos-almoços, uma vista enorme sobre o Bósforo.

Em Istambul vale a pena adquirir um cartão Kart. Serve para o Metro de superfície, para os autocarros, para o funicular e também para os barcos que fazem a travessia do Bósforo. Também dá para usar nos WC públicos, que custam uma lira turca, o equivalente a 15 cêntimos.

Na Ponte Gálata, que une as duas partes europeias de Istambul, come-se peixe no tabuleiro de baixo e pesca-se no tabuleiro de cima. Podia ser ao contrário, mas não, é assim. E ainda bem que é assim. Se fosse ao contrário, quando estamos a jantar nunca conseguíamos ver os peixes a subir.

Istambul não é nada plana. Para ir do Bósforo até à Praça Taksim há um funicular enorme. E depois, a partir desta praça, é sempre a descer até à Torre, que tinha uma fila enorme. Descemos mais um pouco, por ruas sinuosas, e fomos visitar o fantástico Museu da Inocência.

Continuámos a descer, mas na rua não vi Kemal nem Fosum, nem ninguém parecido com eles, ou antes, com a imagem que eu tenho deles. Por acaso, no dia anterior tinha visto uma rapariga no Grande Bazar que podia ter sido ela… mas não, não podia ter sido ela, ela já morreu há muitos anos…

Por estas ruas estreitas vimos cada vez mais gatos, nos portais das casas, por baixo e por cima dos automóveis. E continuamos a descer até à escadaria Camondo, onde nos detivemos e depois descemos até aos barcos que fazem a travessia e fomos à Ásia beber um refresco.

No terceiro dia fomos ao Istanbul Fotograf Museum. Localiza-se em Şehsuvar Bey Mah. Kadırga Liman Cad. O museu é excelente e é grátis para maiores de sessenta anos. Tem ao longo do corredor uma cronologia da fotografia, muito didáctica, e nas várias salas uma série de exposições colectivas e outras individuais. A maior parte das exposições são sobre Istambul ou sobre a Turquia. Foi óptimo ver exposições sobre esta cidade com outros olhares noutros locais que eu não cheguei a descobrir.

Esta cidade é tão rica em diversidade que vale a pena perdermo-nos no Grande Bazar e depois parar numa das grandes praças ou jardins, na Praça Taksim ou no Mehmet Akif Ersoy Park, por exemplo, sentarmo-nos num banco e apreciar o mundo que nos rodeia.

Augusto Lemos

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