Morreu um dos rostos da luta por medicação inovadora contra hepatite C

Tratamento pelo qual José Carlos Saldanha lutou já curou mais de 13 mil doentes em Portugal.

Foto
José Carlos Saldanha daniel rocha

Um dos rostos da luta pelo acesso à medicação inovadora para a hepatite C, José Carlos Saldanha, morreu esta sexta-feira vítima de uma infecção generalizada que nada teve a ver com a hepatite, doença da qual estava curado havia quase cinco anos.

José Carlos Saldanha ficou conhecido publicamente quando, em 2015, interrompeu uma sessão na comissão parlamentar de Saúde a exigir ao então ministro Paulo Macedo acesso ao tratamento inovador para a hepatite C. “Não me deixe morrer também”, foi o pedido de José.

Um dos acompanhantes de José, da Plataforma Hepatite C, era David Gomes, filho de Maria Manuela Ferreira, que morreu sem acesso ao tratamento para a doença com que vivia há 20 anos. “Estou na fila para morrer como a mãe do David”, desabafou José ao PÚBLICO.

Na altura, o Governo estava ainda a finalizar negociações com o laboratório que comercializa o fármaco. O preço inicialmente pedido pela farmacêutica, superior a 40 mil euros por doente, fazia arrastar o processo. Mas dois dias depois da intervenção de José Carlos Saldanha, o então ministro da Saúde anunciou que o Estado tinha alcançado um acordo para fornecimento de dois medicamentos inovadores para a hepatite C.

E dias depois de ter questionado directamente o ministro, José Carlos Saldanha recebeu a notícia de que iria começar tratamento – esteve entre os primeiros doentes a receber o tratamento no hospital Santa Maria.

A notícia da morte foi confirmada à agência Lusa por fonte oficial do Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte, que adiantou que a morte se deveu a uma septicemia, que não está ligada à hepatite C, da qual José Carlos Saldanha já se tinha curado.

Desde 2015 e até Junho do ano passado já foram autorizados cerca de 25 mil tratamentos, segundo dados do relatório do Programa Nacional para as Hepatites Virais. Quanto a resultados, 13.683 ficaram curados da doença (96,5%) contra 501 doentes não curados.

Sugerir correcção
Ler 8 comentários