Algarve recebe o primeiro tête-à-tête do ciclismo do futuro

A Volta ao Algarve em bicicleta reúne, uma vez mais – e talvez mais do que nunca –, a nata do ciclismo mundial. Com nomes de topo, um percurso bem desenhado e duelos em estreia, nada parece faltar à prova mais mediática do ciclismo nacional.

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O pelotão da Volta ao Algarve está recheado de bons ciclistas LUSA/Marcial Guillen

Começa nesta quarta-feira a Volta ao Algarve, que traz, entre outras curiosidades, uma estreia mundial. Será no sul de Portugal o primeiro tête-à-tête em provas por etapas entre dois meninos-prodígio: Remco Evenepoelde 20 anos (o terceiro mais novo em prova), Mathieu van der Poel, de 25, até aqui apenas se defrontaram em contextos específicos (duas provas de um dia), mas isso vai mudar, no Algarve, depois de uma temporada em que confirmaram que é por eles que passa boa parte do futuro do ciclismo. 

No Algarve também será visto o primeiro grande duelo do ano entre os melhores sprinters do mundo e haverá espaço, ainda, para ver em que ponto de forma estão alguns dos principais “voltistas” do pelotão. Será entre estas premissas e com um pelotão de luxo que se pedalará no Algarve, desta quarta-feira até domingo.

E se já poucos duvidavam de que esta corrida supera a Volta a Portugal, em matéria de nível global do pelotão, para 2020 a prova parece ter chegado a outro nível: são 12 equipas do World Tour – quatro delas do top-5 do ranking mundial –, um percurso “democrático” e bem desenhado e, como sublinhou a organização, sete ciclistas com títulos olímpicos, europeus e mundiais.

Para quem é esta “Algarvia"?

Com duas etapas planas, duas etapas de montanha (o já habitual duo Alto do Malhão e Alto da Fóia) e um contra-relógio, esta prova parece pensada ao detalhe: com um percurso “democrático”, permite a preparação de todos os tipos de ciclista – também por isso recolhe a preferência de tantas estrelas e tantas equipas para o início da temporada.

Apesar do interessante duelo entre os jovens, não apenas o futuro será visto na Volta ao Algarve. Na luta pela geral, para além dos “meninos”, há vários consagrados a quererem brilhar nesta “Algarvia”.

O jovem Evenepoel é um dos que pode olhar para esta prova como perfeita para si – conseguindo passar bem a montanha, pode desferir o golpe decisivo no contra-relógio final –, mas há mais candidatos fortes. Miguel Ángel López, já com pódios no Giro e na Vuelta, é um deles. Maximilian Schachman é outro. Vincenzo Nibali, com quatro “grandes voltas” no bolso, não o é menos. E Geraint Thomas só não entra no lote porque se auto-excluiu da luta pelo triunfo, garantindo que vai ao Algarve para ajudar Michal Kwiatkowski (já bicampeão no Algarve).

Também Bauke Mollema, Felix Grossschartner, Philippe Gilbert (um dos “avôs” em prova, com quase 38 anos) e Luís León Sánchez trazem predicados de respeito – quem não os conhece? Mesmo o português Rui Costa, apesar do historial modesto no Algarve, é um nome a ter em conta. No fundo, fala-se da nata, no Algarve.

Há ainda dois nomes que despertam curiosidade: Dan Martin, porque terá de apostar as fichas no Malhão e na Fóia, para passar incólume pelo “crono” da última etapa, na Lagoa, e Mathieu van der Poel, que deverá sentir demasiado a duração da subida à Fóia – mais de sete quilómetros –, podendo, porém, arrebatar qualquer uma das restantes quatro etapas.

Nas duas tiradas presumivelmente reservadas aos sprinters será difícil apontar um favorito. O ciclismo mundial vive uma fase de indefinição nos velocistas, com vários corredores de topo e sem um claro dominador, pelo que a luta está aberta entre colossos como Viviani, Van Avermaet, Jakobsen, Degenkolb, Greipel, Kristoff ou Trentin.

Por fim, haverá, certamente, espaço para ciclistas e equipas portuguesas “mostrarem serviço” perante as formações World Tour e, como já é habitual, animarem as etapas. João Rodrigues e Amaro Antunes, da W52-FC Porto, Tiago Machado (recordista no Algarve, com 15 participações), da Efapel, García de Mateos, da Aviludo-Louletano, e David Livramento, do Tavira, poderão ser alguns dos ciclistas mais filmados pelas câmaras televisivas – que não serão poucas e transmitirão para todo o mundo.

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