O fenómeno do racismo no futebol não é recente nem começou com o caso do Marega

Não basta andar com tarjas a gritar “Não ao racismo!”, nem com penalizações aos clubes cujos adeptos escudados no anonimato das claques reproduzem ruídos a imitar macacos sempre que um jogador de cor negra da equipa contrária toca na bola. Não basta.

O fenómeno do racismo no futebol não é recente nem começou com este caso do Marega. O futebol retrata a divisão social do trabalho. O negro é a força motriz, o pulmão e o músculo, e o branco é o ser pensante, o cérebro. Quando o negro é da nossa equipa é tolerado, mas não deixa de ser o preto. Quando é nosso antagonista, é o “preto de merda”. 

Isto não é uma convicção minha, não é abstracto. Isto é concreto. Olhem para a representatividade dos negros nos treinadores a nível mundial, olhem para os negros nos órgãos de decisão da FIFA e da UEFA. Contem... Representatividade: “ZERO, BOLA”, como diz o outro!

Não basta andar com tarjas a gritar : “Não ao racismo!”, nem com penalizações aos clubes cujos adeptos escudados no anonimato das claques reproduzem ruídos a imitar macacos sempre que um jogador de cor negra da equipa contrária toca na bola. Não basta. Estas medidas não alteram um quadro que é de racismo estrutural e que num mundo cada vez mais intolerante, desigual e concorrencial que vivemos, ganha cada vez maior dimensão.

Não atirem areia para os olhos das pessoas. Este meu testemunho não tem a ver com síndrome de Joacine, nem com complexo de cor, como gostam de dizer aquelas para os quais este tema é incómodo.

Estas são evidências com as quais infelizmente convivemos no desporto, e se não percebemos que para mudar mentalidades e crescermos respeitando as nossas diferenças, é fundamental mostrar que o outro por não ser como eu, não é inferior, e que pode e deve ter as mesmas oportunidades que os que maioritariamente regem as nossas sociedades desportivas (treinadores e dirigentes), casos como o do Marega vão continuar como sempre a existir, agora talvez com mais casos de jogadores a abandonarem os relvados. Só com essa diferença. 

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