Centeno diz que despedida do Eurogrupo “não faz sentido nenhum”

Presidente do Eurogrupo não diz se é candidato a um segundo mandato à frente do grupo que reúne os ministros das Finanças da zona euro. E não entra em discussão com António Costa sobre o modelo do BICC.

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LUSA/STEPHANIE LECOCQ

O ministro das Finanças, Mário Centeno, não quer falar sobre a sua permanência no Governo, mas sobre uma suposta despedida dos seus colegas do Eurogrupo, anunciada há duas semanas por Luís Marques Mendes no seu espaço de comentário na SIC, é peremptório. “Isso não faz sentido nenhum”, afirmou, minutos antes de dirigir mais uma reunião dos ministros da zona euro, esta segunda-feira em Bruxelas.

“Estou de pleno poder como presidente do Eurogrupo, é essa a minha função e é nisso que estou focado”, garantiu, sem contudo responder se tenciona continuar por mais dois anos e meio no cargo.

Uma eventual recandidatura terá de ser comunicada aos restantes ministros antes de Julho, data em que termina o actual mandato. Os parceiros de Centeno aguardam serenamente por uma decisão que, como assinalou o ministro das Finanças holandês, Wopke Hoekstra, “só lhe compete a ele”. O governante dos Países Baixos confirmou não saber — nem sequer informalmente — se o português está interessado em manter-se em funções. “Não sei, não fomos informados de nada”, disse.

A ministra espanhola, Nadia Calviño, apontada como potencial candidata à sucessão de Centeno na presidência do Eurogrupo, diz que não dedica “nem um segundo do dia” a pensar nessa questão. “Neste momento há um presidente do Eurogrupo, que é Mário Centeno, que está a fazer um trabalho excelente. Creio que não temos nenhum interesse em entrar neste tipo de especulações”, respondeu aos jornalistas.

Uma outra especulação que Mário Centeno não tem interesse em alimentar diz respeito ao desagrado do primeiro-ministro, António Costa, com o modelo do futuro Instrumento Orçamental para a Convergência e Competitividade (ou BICC, na sigla em inglês) que foi desenhado pelo Eurogrupo. “Não faz sentido, está mal desenhado e tem de ser refeito”, disse Costa no final do Conselho Europeu de Dezembro.

O financiamento do novo instrumento orçamental foi abordado na reunião desta segunda-feira pelos ministros das Finanças da zona euro — e será uma das muitas matérias que os chefes de Estado e governo da União Europeia vão discutir na cimeira extraordinária dedicada ao próximo quadro financeiro plurianual 2021-27, no dia 20 de Fevereiro, próxima quinta-feira.

“O que está agora em questão é o financiamento do BICC no contexto do quadro plurianual, e não o debate sobre a sua ficha descritiva que foi acordada em Outubro”, disse Mário Centeno, sem se referir às críticas do primeiro-ministro ao esquema previsto para a distribuição das verbas.

“Portugal tem uma divergência relativamente ao esquema aprovado pelo Eurogrupo que prevê uma cláusula de ‘justo retorno’ de 70% em função da quota ideal de contribuições de cada um dos países”, anunciou António Costa, para quem a manutenção desse critério faz com que o novo instrumento se transforme num mecanismo de rebate.

Para o comissário europeu da Economia, Paolo Gentiloni, o que é fundamental é que no decurso das suas discussões sobre o quadro financeiro plurianual os líderes europeus assegurem que o novo instrumento venha a ter os recursos necessários — vindos do orçamento comunitário e de contribuições dos Estados-membros — para ter “força” e ser “eficiente”.

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