Norte-americanos retirados do navio Diamond Princess, 14 infectados com o coronavírus

Grupo não apresentava sintomas e tinha sido declarado apto a viajar para os Estados Unidos. Japão cancela comemorações do aniversário do imperador Naruhito.

Foto
Os passageiros norte-americanos já começaram a chegar aos Estados Unidos LUSA/FRANCK ROBICHON

Os 380 passageiros norte-americanos a bordo do navio de cruzeiro Diamond Princess, que está sob quarentena no Japão desde o dia 3 de Fevereiro, foram retirados na madrugada desta segunda-feira e já começaram a chegar aos Estados Unidos nos aviões militares fretados para o efeito. Entre eles seguem 14 infectados com o coronavírus, que foram colocados numa área selada num dos aviões.

As autoridades norte-americanas tinham dito que nenhum passageiro infectado com o coronavírus seguiria viagem para os Estados Unidos, mas essa decisão foi revertida no trajecto entre o navio e a chegada ao aeroporto.

“Durante o processo de evacuação, depois de os passageiros terem desembarcado do navio e iniciarem o transporte para o aeroporto, as autoridades dos Estados Unidos receberam a notificação de que 14 passageiros, que tinham sido testados dois ou três dias antes, tinham contraído o vírus”, avançaram, num comunicado conjunto, os departamentos de Estado e da Saúde norte-americanos.

Os 14 passageiros infectados foram colocados em áreas de contenção num dos aviões, isolados e avaliados de forma permanente. De acordo com os responsáveis, não apresentavam sintomas e foram considerados “aptos a viajar”.

Pelo menos um dos aviões aterrou na Califórnia na manhã desta segunda-feira. Os passageiros vão ficar de quarentena nos próximos 14 dias e os que apresentarem sintomas ou forem testados de forma positiva serão enviados para “uma localização própria para a continuação do isolamento e dos cuidados”.

Os Estados Unidos tinham 15 casos confirmados de coronavírus, um número que quase duplica com a chegada dos 14 passageiros que estavam a bordo do navio Diamond Princess.

Japão cancela comemorações

O Governo do Japão cancelou as comemorações oficiais do 60.º aniversário do imperador Naruhito, marcadas para o próximo fim-de-semana, por receio de que a esperada presença de milhares de pessoas contribuísse para a propagação do coronavírus.

Como parte das festividades, o imperador Naruhito e a sua família deveriam saudar uma multidão a partir de uma varanda da ala Chowa-Den do palácio imperial japonês.

“Decidimos cancelar a comemoração pública no palácio, que conta com a presença de muitas pessoas nas proximidades, depois de avaliarmos o risco de o vírus se propagar”, disse, esta segunda-feira, Kenji Ikeda, um responsável pela agência do Governo que faz a ligação com o imperador.

Não é habitual que o Japão cancele comemorações públicas no palácio por causa de preocupações com a saúde pública. A última vez que a comemoração do aniversário de um imperador foi cancelada – em 1996, do imperador Akihito – estava em causa a tomada de reféns na embaixada do Japão em Lima, capital do Peru.

Em Dezembro de 2018, cerca de 82 mil pessoas estiveram presentes nas comemorações do último aniversário do imperador Akihito no trono. Akihito abdicou em 2019 e deu lugar ao imperador Naruhito.

Para além do cancelamento da comemoração oficial, o Governo do Japão anunciou também que vai limitar o ajuntamento de pessoas em Tóquio e vai limitar a maratona da capital japonesa, a realizar em Março, à participação dos atletas profissionais.

A crescente propagação do surto, que começou na China em Dezembro e já matou mais de 1700 pessoas, está a ameaçar grandes eventos públicos e a prejudicar a produção e o turismo no Japão.

Uma nova disseminação do vírus pode prejudicar o crescimento e potencialmente levar o país à recessão, dizem os analistas.

Enfermeira com teste positivo

Como o número de pessoas infectadas no Japão subiu para mais de 400 (a maioria passageiros do navio Diamond Princess, atracado em Yokohama), um hospital nos arredores de Tóquio disse que deixaria de admitir novos pacientes depois de um de seus funcionários ter testado positivo.

O hospital de Sagamihara, 50 km a oeste de Tóquio, disse que uma enfermeira foi infectada após tratar um paciente internado e que morreu da doença este mês.

Na manhã desta segunda-feira, um quinto voo fretado pelo Governo, com 65 japoneses, chegou a Tóquio a partir de Wuhan, na China, o epicentro do surto, elevando o número total de repatriados para 763, disse a rádio NHK.

Sugerir correcção
Comentar