Marcelo e Costa condenam insultos a Marega: “Nenhum ser humano deve ser sujeito a esta humilhação”

Marcelo Rebelo de Sousa apelou “à ética, ao sentido cívico e ao bom senso”, para que se evitem “escaladas que violem valores básicos da nossa comunidade e só possam contribuir para a divisão fratricida entre os portugueses”.

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LUSA/HUGO DELGADO

O Presidente da República condenou esta segunda-feira os insultos racistas de que o jogador do FC Porto Marega foi alvo no domingo, lembrando que a Constituição da República é muito clara na condenação do racismo, xenofobia e discriminação. O primeiro-ministro António Costa também se posiciona ao lado do “grande jogador e grande cidadão”, manifestando-lhe total solidariedade.

“A Constituição da República Portuguesa é muito clara na condenação do racismo, assim como de outras formas de xenofobia e discriminação, e o povo português sabe, até por experiência histórica, que o caminho do racismo, da xenofobia, e da discriminação, além de representar a violação da dignidade da pessoa humana e dos seus direitos fundamentais, é um caminho dramático em termos de cultura, civilização e de paz social”, considerou Marcelo Rebelo de Sousa, numa declaração à agência Lusa. O Presidente da República falava à Lusa no Dubai, no regresso a Lisboa da visita que fez à Índia.

Na declaração à Lusa, o Presidente da República sublinhou que só pode “condenar, como sempre, veementemente, todas as manifestações racistas, quaisquer que sejam”. Marcelo Rebelo de Sousa apelou ainda “à ética, ao sentido cívico e ao bom senso, para que se evitem em Portugal escaladas que violem valores básicos da nossa comunidade e só possam contribuir para a divisão fratricida entre os portugueses”.

Costa defende que “nenhum ser humano deve ser sujeito a esta humilhação"

O primeiro-ministro manifestou também “total solidariedade” com o “grande cidadão” Marega e salientou que todos os actos de racismo são crime e intoleráveis.

“Todos e quaisquer actos de racismo são crime e intoleráveis. Nenhum ser humano deve ser sujeito a esta humilhação. Ninguém pode ficar indiferente. Condeno todos e quaisquer actos de racismo, em quaisquer circunstâncias”, escreveu António Costa na sua conta pessoal no Twitter.

Em relação ao avançado maliano do FC Porto, o primeiro-ministro manifestou-lhe “total solidariedade”, considerando que Marega provou no campo de jogo “ser não só um grande jogador, mas também um grande cidadão”.

O Presidente da República e o primeiro-ministro comentavam o incidente que marcou o jogo entre o FC Porto e o Vitória de Guimarães. Ao minuto 71, Marega pediu para ser substituído, depois de te passado grande parte do jogo a ouvir cânticos e gritos racistas — foram gritos que se assemelhavam aos de macacos, de acordo com os relatos da imprensa no local — de adeptos da formação vimaranense. 

Marega mostrou-se irredutível na decisão de abandonar o jogo, mesmo depois de alguns jogadores de ambas as equipas e Sérgio Conceição, treinador do FC Porto, terem tentado demovê-lo, ainda em campo. 

Marca, jornal desportivo de Espanha DR
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A maioria dos partidos (e os seus líderes) já comentaram o racismo de que Marega foi vítima: Catarina Martins (BE) afirma que não segue futebol, mas “racismo não é opinião"; João Cotrim Figueiredo (IL) diz que Marega “fez bem em abandonar o campo"; Francisco Rodrigues dos Santos (CDS-PP) defende que “as manifestações de racismo não podem ter lugar na nossa sociedade"; Isabel Moreira (PS) afirma que Marega se recusou a ser “uma não-pessoa” e o Livre considera que “numa sociedade democrática, atitudes racistas são inaceitáveis”. Até agora, apenas André Ventura se posicionou contra a atitude do jogador. No mundo do futebol também vários clubes se posicionaram a favor de Marega, entre eles o Sporting e o Benfica. 

O assunto chegou aos jornais internacionais: do Brasil, a Espanha e passando pelos Estados Unidos, os jornais e sites internacionais estão a escrever sobre a falta de apoio que o avançado do FC Porto teve da parte dos seus colegas de equipa. 

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